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Disparidades afetam contenção de emissões

Um relatório da Pricewaterhouse & Coopers (PWC) avalia que a falta de padrões mínimos de exigência e disparidades entre os vários sistemas desenvolvidos no globo para conter emissões de gases que ampliam o efeito estufa estão prejudicando empresas, o mercado de créditos de carbono e o combate às mudanças climáticas.

Conforme o estudo “Tendências Globais em Esquemas para Negociação de Emissões”, a maneira pela qual companhias desenham, implementam e reportam seus controles de emissões ao redor do mundo são incomparáveis.

A União Européia tem metas para redução de emissões com foco na indústria pesada e consumo energético em larga escala, o Japão ataca a queima de combustíveis e outros químicos, enquanto a Califórnia montou um projeto voluntário e sem alvos pré-estabelecidos para eliminar poluentes de várias fontes. Brasil e países da África e da Ásia têm atuado com projetos de captura de carbono e mudança de matrizes energéticas ligados ao Protocolo de Kyoto.

A conclusão é de que governos e setores privados têm articulado programas para redução de emissões atendendo necessidades locais ou regionais, sem observar as mudanças climáticas de forma ampla. O problema é comum a mercados emergentes, como o de créditos de carbono e do etanol, mas ganha em peso pelas ameaças do aquecimento planetário à estabilidade econômica, social e ambiental.

“Essas divergências chegaram ao ponto de comprometer o trabalho contra o aquecimento do planeta”, disse Rogério Gollo, sócio da PWC.

Com a globalização, empresas operam em dezenas de países, com ou sem metas para reduzir emissões e com realidades políticas diferenciadas. Mas sem padrões para os projetos de contenção de gases, a tendência é de mais burocracia e custos. Padrões mundiais mínimos de exigência poderiam facilitar a adoção de medidas efetivas contra as mudanças climáticas.

Para Pedro Sirgado, superintendente de meio ambiente e sustentabilidade da Energias do Brasil, braço nacional do Grupo EDP, também seria necessário unificar mercados voluntários e obrigatórios de restrição de emissões. Essa medida, segundo ele, atrairia mais segmentos para o mercado de créditos, engrossando o trabalho contra o aquecimento global. “Programas de plantio florestal no Brasil não são reconhecidos pelo Protocolo de Kyoto, mas podem ter grande abertura em mercados alternativos de créditos de carbono”, diz.

O relatório da PWC propõe a criação de uma instância internacional que definiria regras mínimas para os esquemas de redução de emissões em todo o globo. “Banco Mundial, UE e Nações Unidas, por exemplo, poderiam formar uma comissão multilateral para analisar e encaminhar uma solução para esse problema”, propôs Gollo.