O usineiro e conselheiro da Câmara Americana de Comércio (AmCham) Maurílio Biagi Filho disse ontem que o Brasil somente passará a exportar volumes expressivos de etanol para os Estados Unidos se os governos americano e brasileiro, com a iniciativa privada, estabelecerem um programa específico para a produção do volume desejado pelos americanos. Segundo ele, até que isso ocorra, o Brasil seguirá exportando apenas o excedente da produção nacional.
O mercado externo vai ser abastecido na medida em que se tenham programas específicos para abastecê-lo. Então, se amanhã a taxa americana (cobrada sobre as importações de álcool brasileiro) for retirada, nós vamos precisar fazer um investimento no Brasil especificamente para abastecer o mercado americano — disse Biagi Filho, depois de almoço com o ex-governador da Flórida Jeb Bush, ontem na sede da AmCham. De acordo com o empresário, o compromisso primordial do setor é assegurar o abastecimento do mercado interno: —A nossa principal preocupação não é com a taxa americana, mas com o Brasil.
Segundo ele, o país tem uma demanda crescente de etanol, da ordem de um bilhão de litros por ano, e a preocupação dos produtores é atender aos consumidores locais. Perguntado se, na hipótese de a tarifa americana ser eliminada antes de 2009, como prega Jeb Bush, não haveria risco de desabastecimento interno, ele disse: — Se essa tarifa cair neste momento, não vai acontecer nada, vamos continuar exportando o mesmo excedente. Nós temos que construir uma produção para suportar esse mercado. Petrobras fará alcoolduto de Goiás a portos do Sudeste Para Biagi Filho, esse processo de cooperação e parceria comercial entre Brasil e EUA em torno do etanol ainda está em fase inicial. — Isso aqui é muito discurso e pouca ação, ainda. Todo processo passa por isso.
Temos que passar por todas essas encenações teatrais que estamos vendo — disse. — Não se constrói isso numa visita, numa reunião. Isso são anos para você conseguir. Nós estamos caminhando para solucionar essa questão. Em Nova York, o diretor de comercialização da Petrobras, Silas Oliva Filho, anunciou ontem, durante reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com os executivos da agência de risco Moodys, a construção de um alcoolduto de 800 quilômetros, com investimentos previstos de US$ 750 milhões. O alcoolduto ligará Senador Câmara, em Goiás, aos portos do Rio de Janeiro e de Santos, passando por Uberaba, Ribeirão Preto e Paulínea. A idéia é que o empreendimento contribua para o aumento da exportação brasileira para oito milhões de metros cúbicos anuais até 2012.