Mercado

Safra acelera venda de caminhões e fila de espera já chega a 6 meses

A explosão na produção de cana-de-açúcar, puxada pelo álcool, e a melhora dos preços da soja, que vão ajudar o País a registrar safra recorde neste ano, além do crescimento no setor de minérios, inflaram o mercado de caminhões e máquinas agrícolas. Há fila de espera de até seis meses em veículos para o transporte desses produtos.

A Iveco decidiu criar um segundo turno de trabalho para dar conta das encomendas. A companhia abriu 60 novos empregos na fábrica de Sete Lagoas (MG) e adotou o segundo turno de trabalho na linha de veículos pesados. A produção passou de 10 para 15 unidades diárias. Ainda não é suficiente para atender à alta demanda, diz Luigi Vicarioli, diretor comercial da montadora na América Latina. Estudamos maneiras de aumentar ainda mais a produção.

No primeiro trimestre, as vendas de caminhões pesados da Iveco aumentaram 49% em relação ao mesmo período de 2006, para 349 unidades.

A Scania pede seis meses para entrega de caminhões de transporte de cana, soja e minérios. O normal seriam três meses, diz o diretor de compras Magnus Boman. Segundo ele, há dificuldades em adquirir algumas peças, parte delas importadas, pois o mercado internacional também está aquecido.

No primeiro trimestre, foram vendidos 20,8 mil caminhões de todas as marcas no País, 19,4% a mais ante igual período do ano passado. Os modelos pesados e semipesados, próprios para o transporte de cana, soja e minérios tiveram vendas 43,4% maiores que em 2006, com 5,8 mil unidades. No ano passado, o mercado interno consumiu 76,2 mil caminhões, 5,1% a menos que em 2005, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Na linha Ford, há espera para veículos usados no transporte de cana e grãos e na construção civil. Para alguns modelos é preciso aguardar 60 dias. Em épocas de menor demanda, o prazo máximo é de 20 dias.

Em fevereiro, a Ford mais que dobrou a produção diária de modelos pesados, mas ainda há fila. A demanda está muito acima do que prevíamos, diz Flavio Padovan, diretor da Ford Caminhões na América do Sul. As vendas da marca cresceram 44,6% este ano.

Outra medida adotada pela Ford foi a inauguração, no fim de março, do Mod Center, uma unidade especial para customizar os caminhões de acordo com as necessidades do cliente. Antes, o serviço era feito fora da fábrica de São Bernardo (SP) e levava mais tempo para ser concluído. Agora, em parceria com a Randon, o centro de modificações está ao lado da linha de montagem, o que deixa mais ágil a operação.

AGENDAMENTO

A Vocal, maior revenda da Volvo no País, agenda para julho e agosto pedidos feitos agora. De acordo com o diretor superintendente Cláudio Zattar, as vendas registram forte alta desde janeiro, principalmente para os segmentos agrícola, de mineração e cargas frigorificadas.

Não há um setor dominante, o que mostra que a economia está tomando um rumo consistente, afirma Zattar. A previsão da Vocal, que registrou faturamento de R$ 385 milhões em 2006, é alcançar receita de R$ 470 milhões, um salto de 22%.

As duas unidades da revenda Volkswagen Apta em Santos e São Bernardo registraram recorde de vendas em março, com 190 caminhões. Não vendemos mais porque não havia produto disponível, diz o gerente comercial Antonio Pascoal Parames. Segundo ele, a entrega de três pedidos de frotistas, num total de 63 caminhões, que deveria ter ocorrido em março foi adiada para este mês.

A safra de grãos esperada para o ano é de 130 milhões de toneladas e a de cana de 505 milhões de toneladas, ambas recorde.

As vendas de implementos rodoviários (reboques, caçambas e carrocerias) também acompanham o aumento da demanda por caminhões e devem crescer 10% este ano, estima o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, Rafael Wolf Campos. Em 2006, foram vendidos 75 mil equipamentos.

Já os negócios com máquinas agrícolas aumentaram 24,3% de janeiro a março, para 7,2 mil unidades, segundo a Anfavea. Em todo o ano passado, o setor cresceu 10%. Não temos espera porque fazemos vendas programadas, diz Mário Fioretti, diretor da Agco. Colheitadeiras para grãos é a principal demanda, informa Gilberto Zago, da John Deere. Esse segmento cresceu 57,5% no primeiro trimestre, com vendas de 622 unidades.