O motor da produção industrial, neste ano, deverá ser a agropecuária, que vai ter o seu Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), depois de 11 anos, o que permitirá analisar mais acuradamente o seu peso na economia brasileira e sua importância na criação de empregos.
A produção agropecuária deste ano está estimada em R$ 188 bilhões, com crescimento de 8,6% em relação ao ano passado, quando já havia apresentado um bom resultado depois das perdas com a seca que atingiu o Sul do País. Mas uma boa safra tem conseqüência para o conjunto da economia, que nem sempre é bem avaliada pelo público.
Em nossa edição de ontem, nos referimos aos efeitos de um aumento da produção de cana-de-açúcar e da melhoria dos preços da soja sobre a venda de caminhões, que, no primeiro trimestre, cresceu 19,4% em relação ao mesmo período de 2006. Este, porém, é apenas um aspecto do impacto positivo que a melhoria da produção agrícola tem sobre as atividades industriais.
Um aumento da demanda interna de caminhões tem como efeito favorecer a ampliação do setor automotivo, de estimular investimentos para melhoria da produtividade e colocar o Brasil em melhores condições diante da concorrência internacional.
Todavia essa melhoria não se restringe a caminhões. Já se nota uma grande reação positiva num setor prejudicado nos últimos anos: o das máquinas agrícolas, o que explica a nítida melhoria da produção industrial do Rio Grande do Sul. Paralelamente, registra-se um forte aumento da demanda de produtos químicos e fertilizantes.
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Mas o uso industrial de produtos agrícolas, como o etanol e os biocombustíveis, exige novos equipamentos da indústria de bens de capital, criando um novo pólo de demanda que se acrescenta à da indústria de bebidas e alimentos, cujo caráter é crescente em razão da melhora do poder aquisitivo e do crescimento populacional.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), analisando o clima favorável para o setor, nota que a melhora está se concentrando em poucos setores, e não autoriza que se fale de recuperação generalizada.
De fato, está havendo um aumento das importações que afeta alguns setores da indústria nacional.
É importante, por isso, que a indústria, que negligenciou um pouco a força da agricultura, perceba que se trata de uma atividade essencial para o crescimento dos seus negócios.
