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Lula fala de combustível com o opositor Chávez

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá encontrar nesta segunda-feira o maior opositor ao projeto brasileiro de transformar o etanol num combustível de alcance mundial: o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Lula participa, em Isla Margarita, no território venezuelano, da I Cúpula Energética Sul-Americana. O objetivo do encontro é alcançar, a longo prazo, a auto-suficiência em energia.

Lula deverá tentar imprimir pragmatismo às discussões com os representantes de 12 países presentes. Em especial, tratará com Chávez o projeto do Gasoduto do Sul, que cortará o Brasil, levando o gás venezuelano a mais quatro países da região e se conectará com reservas do Peru e Bolívia.

Chávez tem sido um duro crítico do projeto do álcool combustível brasileiro, especialmente depois que o Brasil firmou acordo de cooperação com os Estados Unidos na área. Na ocasião, Chávez defendeu que os biocombustíveis são “irracionais e antiéticos, porque usam as terras de qualidade, capazes de fornecer alimentos, para produzir combustíveis destinados aos veículos dos ricos”.

Na semana passada, porém, Chávez reduziu o tom das críticas. “Não vamos brigar com o Brasil, não vamos jamais brigar com o Lula. É claro que nosso inimigo é o império norte-americano”, disse, segundo as agências internacionais, ciente de que a Petrobras deve injetar 2,8 bilhões de dólares em novos projetos na Venezuela.

“Não estávamos preocupados com as declarações de Chávez. Temos projeto comum de cooperação na área petroleira e interesses no setor de gás”, disse o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. “Nunca fizemos reparos à política externa do presidente Chávez. Ele nunca fez reparos à nossa”, completou, referindo-se aos encontros recentes entre Lula e o americano George W. Bush.