Mercado

Fundo cobra tarifa menor dos EUA para o álcool

O FMI cobrou ontem do governo norte-americano a redução das barreiras para a entrada do álcool combustível brasileiro no mercado dos EUA.

O Fundo afirmou que a “corrida pelo etanol” está ajudando a inflacionar os preços dos alimentos em todo o mundo. Eles já subiram 10% em 2006.

“Acreditamos que todos ganhariam com a liberalização do comércio de biocombustíveis e com a redução de tarifas impostas por EUA e União Européia”, disse Charles Collyns, economista-chefe-adjunto do organismo.

Até 2017, os EUA pretendem adicionar 20% de biocombustíveis (35 bilhões de galões, ou 133 bilhões de litros) a todo combustível que consomem.

Mas os americanos impõem uma tarifa de importação equivalente a US$ 0,54 por galão (R$ 0,30 por litro), além de subsidiar em US$ 0,51 por galão os produtores de álcool locais.

“Vemos muitos limites tecnológicos e comerciais para atingir as metas, bastante ambiciosas, de utilização de biocombustíveis”, disse Collyns.

Relatório divulgado ontem pelo Fundo afirma que os preços dos alimentos subiram 10% em 2006 e que a demanda norte-americana pelo etanol foi um dos principais motivos. O álcool norte-americano é produzido a partir do milho.

“Olhando para a frente, o aumento da demanda por biocombustíveis deve forçar uma alta nos preços do óleo de milho e de soja, aproximando seu valor ao do petróleo cru, como aconteceu no mercado de açúcar”, diz o FMI.

Na UE, segundo o Fundo, a decisão de adicionar 10% de biocombustíveis até 2020 vai requerer a ocupação de 18% de toda a área disponível para agricultura na região, “a não ser que as tarifas para importação de etanol sejam reduzidas”.

O FMI não descartou pressões maiores no petróleo até o final do ano, o que poderia desaquecer a economia mundial. Haveria cerca de 17% de chances de o preço do barril superar US$ 88 até o fim do ano.

O relatório traça um cenário favorável, tendendo à estabilidade, para os preços de outras commodities, como alimentos e minérios.