Cortes na fabricação de remédios e no refino de petróleo fazem a produção cair 5,4% no Rio. O desempenho da indústria brasileira tem variado muito de um estado a outro. São Paulo, que concentra 40% das fábricas do País, cresceu entre janeiro e fevereiro 2,3% – portanto, bem acima da média nacional, de 0,3%. Mas a produção do Rio de Janeiro, segundo maior parque industrial, encolheu 5,4%, por causa de cortes na produção da indústria farmacêutica e no refino de petróleo.
Das 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sete elevaram a produção, enquanto quatro reduziram e três mantiveram o ritmo da indústria. Bahia (-6,0%), Amazonas (-6,7%) e Goiás (-10,1%) também cortaram produção. Ceará e Paraná, junto com São Paulo, cresceram acima da média. A produção de Pernambuco, Espírito Santo e Santa Catarina, por sua vez, aumentou pouco em relação ao mês anterior.
“Essa diferença no desempenho entre os estados já tinha acontecido no mês anterior, com metade dos estados indo bem e outra metade não”, lembra o pesquisador do IBGE André Macedo.
Os laboratórios farmacêuticos, que representam um décimo da indústria fluminense, reduziram em 38,2% a produção de remédios. “Algumas empresas do setor de medicamentos instaladas no Rio deram férias coletivas aos funcionários por causa da queda da produção desse período”, afirma. A extração de petróleo, responsável por quase metade da produção do estado, também não ajudou, com queda de 0,5% no mesmo período. No refino, a queda foi de quase 10%.
A mesma atividade que ajudou a derrubar a indústria fluminense – refino de petróleo – é que levantou o setor em São Paulo. “Uma explicação para o bom resultado de São Paulo entre janeiro e fevereiro é a normalização das refinarias, que no mês anterior interromperam atividades com recuo de quase 40% na produção”, explica o pesquisador Macedo.
Ao contrário dos estados do Norte e do Nordeste pesquisados pelo IBGE, a indústria da região Sul deixou para trás os sucessivos cortes na produção entre janeiro e fevereiro. A indústria paranaense avançou 2,6% em fevereiro, após recuar 3,2% no mês anterior. O mesmo aconteceu no parque gaúcho, onde a produção cresceu 2,6% depois de uma queda de 3,2%. Em Santa Catarina, a indústria já cresce pelo quarto mês consecutivo, com taxa de 1,1% em fevereiro.
O embalo da indústria catarinense vem sendo puxado pelo segmento de máquinas e equipamentos, que cresceu 16% em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2006. “Vale citar também a influência positiva de alimentos (6,4%) e de veículos automotores (11,0%)”, conforme destaca o IBGE.
A produção de máquinas e equipamentos também impulsionou a indústria do Paraná, com aumento de 16,6%. Edição e impressão (74,0%), alimentos (12,0%) e veículos automotores (10,1%) também sustentaram o setor. No Rio Grande do Sul, o refino de petróleo e produção de álcool (14,1%), alimentos (7,0%) e veículos automotores (14,7%) compensaram os contínuos cortes na produção de calçados, indústria intensiva em mão-de-obra. “A recuperação da agricultura se estendeu à indústria, com aumento da produção de máquinas agrícolas e de alimentos”, completou o técnico do IBGE.
No extremo oposto do País, o corte na produção de televisões e celulares derrubou a produção no Amazonas. O IBGE apurou queda de 44% na indústria de material eletrônico e equipamentos de comunicações. Outros três ramos que reduziram produção foram equipamentos médico-hospitalares, ópticos e outros (-33,7%), borracha e plástico (-38,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (-13,3%). “O fim da Copa do Mundo ainda deve estar influenciando o Amazonas de maneira negativa”, disse Macedo, lembrando que os telefones celulares e televisores respondem por quase metade da produção da região.
No Nordeste, a indústria têxtil e a extrativa afetaram a produção global. Nesta região, o IBGE mensurou recuo de 0,4% entre janeiro e fevereiro.
As idas e vindas da indústria, contudo, não impediram o setor de apresentar um melhor resultado nos dois primeiros meses do ano. No primeiro bimestre de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado, “há um perfil generalizado de expansão”, conforme descreve o IBGE. Doze dos 14 locais pesquisados aumentaram a produção neste tipo de comparação. Goiás (9,2%) e Pará (8,9%) cresceram mais. Com taxas acima da média nacional (3,8%), figuraram ainda Espírito Santo (6,4%), Rio Grande do Sul (5,8%), Paraná (5,7%), Pernambuco (5,6%), Minas Gerais (4,7%) e região Nordeste (4,0%). Os demais locais com resultados positivos foram Bahia e São Paulo, ambos com 3,3%, Santa Catarina (2,8%) e Rio de Janeiro (0,1%). Por outro lado, Amazonas e Ceará registraram perdas de 2,7% e 2,8%, respectivamente.