O governo gaúcho apresentou ontem o Programa RS Energia para Investidores, iniciativa que tem como principal atrativo um fundo que já larga com R$ 2 bilhões disponíveis para aplicar em projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), de usinas de biomassa, parques eólicos e biocombustíveis, entre outras fontes.
O fundo, composto por capital público e privado do País e do exterior, vai estrear financiando 68% do custo de duas PCHs que serão construídas na região nordeste do Rio Grande do Sul. As usinas do grupo Bolognesi, que vão somar 54 MW de potência instalada, vão demandar um investimento de R$ 226,9 milhões.
O secretário de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais do Rio Grande do Sul, Nelson Proença, explicou ontem que a idéia é transformar o estado em um pólo de investimentos em energia limpa em um momento que todo o mundo vira os olhos para o Brasil em virtude de programas como o de biodiesel e etanol. “Os capitais do mundo inteiro olham com especial atenção estas oportunidades no País”, diz o secretário, acrescentando que o papel do governo é articular os vários interesses e necessidades para que as intenções de investimentos se concretizem. “Muitas vezes os empresários ficam perdidos em um emaranhado burocrático”, analisa.
A gerência do programa caberá à CaixaRS, agência de fomento do Rio Grande do Sul, que será uma espécie de guichê único e desempenhará papéis como disponibilizar um banco de dados com todas as informações relativas a energia no Rio Grande do Sul e selecionar os projetos que receberão os recursos do fundo – hoje composto com capital do ABN AMRO, UBS Pactual, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Banco do Brasil, além de sociedades de venture capital e fundos de pensão.
Com o andamento do programa, o governo gaúcho acredita que fará ainda o estado um exportador de créditos de carbono e ao mesmo tempo atrairá novos investimentos industriais pela maior oferta de energia.
Outras facilidades que o estado pretende dar são incentivos fiscais especiais para os projetos de energia, ainda não definidos, e diferimento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na aquisição de máquinas em equipamentos produzidos no Rio Grande do Sul, o que também contribuiria para a formação de um pólo industrial de fornecedores para o setor de energia.
Conforme projeções do governo, a previsão de investimentos em energia no Rio Grande do Sul é de R$ 13,3 bilhões até 2020. A capacidade instalada do parque gerador gaúcho é de 2.100 MW, sendo que a demanda total é de 5.000 MW. Com um aumento de demanda calculado em 5% ao ano, o Rio Grande do Sul chegaria a 2020 com uma demanda de mais 4.450 MW e com isso precisaria elevar a sua oferta em 87%.
Entre os investimentos previstos estão outras cinco PCHs do mesmo grupo Bolognesi, que demandarão cerca de R$ 500 milhões em recursos nos próximos cinco anos.