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Bertin diversifica ainda mais e investe em álcool no MS

Segundo maior frigorífico de carne bovina do país, o Bertin também se rendeu ao setor sucroalcooleiro. O grupo vai investir R$ 330 milhões na construção de uma usina de álcool na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. A unidade deverá entrar em operação na safra 2009/10, com uma moagem inicial de 2,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano, afirmou ao Valor o diretor-financeiro do grupo Bertin Douglas de Oliveira.

Esse novo negócio reforça a posição do grupo Bertin no segmento de energia. Também neste ano, o frigorífico dará início às operações de sua planta de biodiesel, a partir de maio. Além de biodiesel, o grupo tem uma pequena central hidrelétrica (PCH) em operação, outras duas em construção e três unidades que aguardam aprovação do Ibama.

Segundo Oliveira, o grupo, já verticalizado na cadeia bovina, decidiu, em 2003, investir na área de infra-estrutura. A partir daí, veio a decisão de investir em energia, também com a verticalização da atividade.

As mudas para a formação dos canaviais que alimentará a usina do Bertin começaram a ser plantadas no fim do ano passado na região de Dourados, de acordo com o diretor-financeiro do grupo Bertin. O projeto todo prevê um processamento total de 4 milhões de toneladas. Dos R$ 330 milhões, R$ 130 milhões serão destinados à área agrícola e o restante à parte industrial. Para a destilaria, o grupo contratou um profissional do setor sucroalcooleiro, que atuava em uma das maiores usinas do país.

Em seu projeto de etanol, o Bertin terá como parceiro um grupo agropecuário da região de Dourados, a JB Agropecuária, onde parte da cana será plantada. O grupo dividirá o controle da usina com o Bertin.

Segundo Oliveira, 70% dos investimentos totais – de R$ 330 milhões – serão financiados por instituições bancárias, como BNDES e IFC. Os outros 30% serão financiados com capital próprio.

No primeiro ano de operação, a nova usina deverá produzir 200 milhões de litros de álcool hidratado. “Nosso foco é o mercado externo. Mas vamos respeitar a direção do mercado”, disse Oliveira. O comportamento do mercado também definirá se o grupo vai produzir açúcar em algum momento no futuro ou se restringirá ao etanol, acrescentou.

Os planos do Bertin incluem a construção de novas unidades produtoras de álcool combustível, mas ainda não há nenhuma decisão efetiva neste sentido.

No “primeiro ano cheio” de operação, a usina do Bertin deve gerar uma receita bruta de R$ 200 milhões, conforme Oliveira. Considerando todas as áreas de negócios, o grupo faturou R$ 4,5 bilhões em 2006 e prevê uma receita de R$ 6 bilhões este ano.

O Bertin atua em alimentos, produtos de higiene, cosméticos, couro, “dog toy,” equipamentos de proteção individual, energia, saneamento básico, construção civil e tranportes.

Nos últimos 18 meses, segundo Douglas de Oliveira, a empresa vem se preparando para se tornar uma “limitada com alto grau de governança para entrar no mercado novo”. Ele afirma que “há uma lição de casa para ser terminada” pela companhia e que esse processo deve continuar durante o ano de 2007.