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Fiesp: etanol sem tarifa é inviável já

A retirada da tarifa de importação do etanol não interessa, nesse momento, nem ao Brasil nem aos Estados Unidos. A avaliação foi apresentada ontem por Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em reunião de empresários do setor realizada na entidade.

Segundo ele,embora teoricamente desejável, a queda da tarifa de US$ 0,54 por galão (o equivalente a cerca de US$ 0,14 por litro) é hoje absolutamente inviável. O custo de produção nos Estados Unidos está tão caro que, se a tarifa fosse derrubada, provavelmente nós exportaríamos todo o nosso eta

Queremos exportar o que for excedente ao nosso consumo´

nol para lá, eles quebrariam as suas indústrias de milho e nós ficaríamos sem produto para consumo interno, afirmou Giannetti da Fonseca.

Nessa situação surrealista, o preço do etanol se multiplicaria e o produto deixaria de ser competitivo em relação aos derivados de petróleo, explicou. A produção anual dos Estados Unidos já chega a 20 bilhões de litros de etanol a partir do milho, enquanto a brasileira é de 18 bilhões de litros. Temos que manter a produção do etanol de milho, que é hoje um mal necessário, afirmou o executivo. Mas queremos exportar para os Estados Unidos aquilo que for excedente ao nosso consumo e, se possível, na melhor condição de não haver barreira tarifária.

Nesse sentido, Giannetti da Fonseca lembrou que o Congresso americano discute a criação de uma cota livre de tributos de importação para cerca de 15% do consumo americano, o que representa 3 bilhões de litros por ano. Segundo ele, a proposta tem apoio de parlamentares das regiões produtoras de milho. O Brasil pode ser a solução para preencher os déficits da produção americana, disse. O crescimento da demanda lá tem sido maior que a oferta e falta etanol especialmente nos estados das costas Leste e Oeste, onde está boa parte da economia americana.

O diretor da Fiesp explicou que o uso do milho para fabricação do etanol tem levado a um conflito entre o uso do produto como combustível e para alimentação nos Estados Unidos. O aumento da demanda fez o preço do milho dobrar em pouco tempo, passando de US$ 2 para US$ 4 por bushel (medida de volume), encarecendo o custo de produção tanto do etanol quanto de alimentos, como frango, suínos e derivados de milho.

Para a Fiesp, a tarifa deve ser retirada de forma gradual. Isso vai acontecer, necessariamente, dentro de quatro a cinco anos, porque novas tecnologia vão estar sendo implementadas , mudando o quadro competitivo no mundo, disse Giannetti da Fonseca.

Ele contou que conversou com a representante comercial dos Estados Unidos, Susan Schwab, que esteve duas vezes na Fiesp na semana passada, sobre a proposta de cota livre que está em debate no Congresso. Simplesmente informamos a ela que o Brasil vê com bons olhos a abertura de uma cota tarifária nos Estados Unidos, já que a matéria não está na alçada dela, mas do Congresso.