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Mulheres da Via Campesina invadem usina em São Paulo

Um grupo de aproximadamente 900 mulheres da Via Campesina, entidade internacional representada no Brasil pelo MST, ocuparam nesta quarta-feira área da usina Cevasa, no município de Patrocínio Paulista, região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo#. A usina Cevasa, a maior do Brasil, teve parte de seu capital vendido recentemente para a empresa americana Cargill.

A ocupação faz parte da jornada de lutas nacional das mulheres da Via Campesina, sob o lema é “Mulheres em defesa da vida e contra o agronegócio”.

A região de Ribeirão Preto foi escolhida, “pois simboliza a expansão do latifúndio da cana-de-açúcar, modelo calcado na superexploração de lavradores e lavradoras (mais de 15 trabalhadores morreram de exaustão nas lavouras desde 2004) e na destruição do meio ambiente”, segundo informa a Via Campesina em nota distribuída à imprensa nesta quarta-feira.

“As trabalhadoras rurais da Via Campesina pretendem denunciar por meio de sua ação as falsas promessas do agronegócio em relação ao plantio da cana e à produção do etanol. O objetivo da atividade é alertar a população sobre as reais conseqüências do aumento do cultivo da cana-de-açúcar para o meio ambiente, a poluição das queimadas e as doenças respiratórias por elas causadas, o aprofundamento da concentração de terra no Brasil e o conseqüente aumento das desigualdades sociais. Além disto, a ação pretende mostrar que a produção de etanol a baixos custos para os Estados Unidos – motivo da visita de George W. Bush ao Brasil – beneficia apenas ao agronegócio, em detrimento dos interesses da sociedade brasileira e das necessidades da maioria da população. Segundo a nota, a ocupação da destilaria da Cargil, está ligada às manifestações contra a visita de Bush, que chega amanhã à noite ao Brasil.

“As mulheres da Via Campesina defendem a adoção de um outro modelo agrícola, que privilegie o pequeno agricultor (responsável pela produção de boa parte dos alimentos) e que efetive uma reforma agrária que modifique a estrutura fundiária do país. Em busca da garantia de soberania alimentar, as trabalhadoras rechaçam a presença de Bush e mostram ao povo brasileiro as conseqüências nefastas de transformar o país em grande produtor de etanol”.