Os usineiros brasileiros não têm interesse em investir na América Central e no Caribe – um dos três pilares do acordo sobre etanol que os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, George W. Bush, devem assinar na próxima sexta-feira em São Paulo. O acordo também deve contemplar cooperação tecnológica e padronização do produto.
“No momento, estamos investindo pesadamente na ampliação do parque produtivo do Brasil”, diz Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Ele informa que 86 novas usinas estão em fase de implantação no Brasil.
“O usineiro brasileiro ainda não está acostumado a investir fora do país”, diz. Ele confirma que o setor vêm sendo assediado por diplomatas dos dois governos a se comprometer a investir na América Central.
“O risco de investir na América Central é muito grande. Se houver uma abertura de mercado, o usineiro perde o dinheiro”, diz. Carvalho explica que a única vantagem da região é exportar álcool para os EUA com tarifa zero, enquanto o etanol brasileiro paga US$ 0,54 por galão. Se a tarifa americana for derrubada, essa vantagem desaparece.
Para Carvalho, é fundamental que o Brasil negocie com os EUA o fim da tarifa durante a visita de Bush. “Não concordo que existem temas que não podemos conversar”, diz, referindo-se à recusa americana. Mas o empresário também não quer discutir agora a criação de um estoque regulador de etanol, uma demanda do governo para garantir o abastecimento. “Não é hora de desviar o foco do que é mais importante”, diz, ao ser questionado sobre o assunto. (RL)