Depois da entrada maciça de grupos europeus, sobretudo os franceses, chegou a vez de americanos e asiáticos investirem em açúcar e álcool no Brasil. Os aportes dos americanos ainda são tímidos, mas já dão mostras de que podem se tornar robustos nos próximos meses.
A participação dos grupos estrangeiros na produção de cana do país ainda é pequena – cerca de 5% da produção total (425 milhões de toneladas) -, mas pode dobrar até 2012, segundo a União da Agroindústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Os franceses foram os primeiros a desembarcar, a partir de 2000; a corrida americana começou em 2006.
Gigante do álcool nos EUA, a Archer Daniels Midland (ADM) sonda o mercado brasileiro, mas ainda não fechou nada. A principal executiva do grupo, Patricia Woertz, esteve no Brasil em janeiro, em busca de oportunidades no setor sucroalcooleiro. Desde outubro passado, é a terceira visita de Patricia ao Brasil. Com forte atuação em grãos, a ADM tem uma planta de biodiesel em Rondonópolis (MT). Já grupos japoneses, como Mitsui e Mitsubishi, estão interessados em fazer parcerias com grupo nacionais, segundo fontes do governo.
A americana Cargill também quer ampliar sua participação no país. Há mais de 40 anos no Brasil, o grupo só foi comprar sua primeira usina em 2006 – a Cevasa, de Patrocínio Paulista (SP) -, mas estuda ampliar as aquisições. Em 2005, a múlti fez uma tentativa mal-sucedida para adquirir as usinas do grupo Corona, mas as unidades foram compradas pelo grupo Cosan.
No fim do ano passado, foi a vez da americana Globex anunciar aporte de US$ 50 milhões em uma planta de etanol no Brasil, utilizando resíduos da cana (como a palha, lascas de madeira e papel e celulose) como principais matérias-primas para a produção de álcool.
A demora dos americanos em investir no Brasil reflete as incertezas sobre a retirada das tarifas de importação do álcool, de US$ 0,54 por galão (US$ 0,14 por litro), naquele país, acredita Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica. Os americanos, como os japoneses, querem levar o álcool brasileiro para abastecer seus mercados.
A entrada de capital americano para a produção de álcool no país é feito também por meio de fundos e grupos de investidores. É o caso do Infinity Bio-Energy, grupo com ações negociadas em Londres desde maio de 2006. Entre os investidores do Infinity há fundos americanos. O Infinity tem três usinas e tem planos para construir outras três no curto prazo, diz Sérgio Thompson-Flores, CEO da companhia. O ex-presidente da Petrobras, Phillipe Reichstul também trabalha na criação de um megafundo, de US$ 2 bilhões, para construir usinas de álcool no Centro-Oeste, com aporte de estrangeiros.
No início deste mês, a Noble Group, com sede em Hong Kong, anunciou a aquisição da usina paulista Petribu, e pretende avançar. Dos européias, a Louis Dreyfus tem mais apetite. Comprou cinco usinas na semana passada, tornando-se a segundo grupo maior do país, atrás do Cosan. A aquisição foi avaliada em R$ 1 bilhão.(MS)