Mercado

BC reduz previsão do IPCA e melhora expectativas do mercado

As expectativas dos analistas financeiros melhoraram mais um pouco nesta semana e apontam a possibilidade de redução da taxa básica de juros a 16,50% no final do ano, contra os 17% previstos na semana anterior. O Boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central revela também o otimismo quanto à queda da inflação. Há cinco semanas a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vem caindo e na pesquisa relativa à semana passada, está em 9,19%.

O boletim divulgado pelo BC traz o resultado de pesquisa semanal feita com os principais bancos e consultores financeiros do país. E mostra que no início de novembro a previsão era de que o IPCA encerraria 2003 na marca de 9,69%.

Em função da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), no último dia 19, que diminuiu a taxa Over-Selic de 19% para 17,5%, a média das previsões de mercado, que há um mês era de encerrar o ano em 17,25%, caiu na semana passada para 17%, e agora situa-se em 16,50%. O mercado torce para que na última reunião do ano, dias 16 e 17 próximos, o Copom altere a taxa para baixo em mais 1 ponto percentual.

O boletim também demonstra otimismo na pesquisa quanto à queda da inflação. Há cinco semanas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vem caindo lenta e gradativamente. No início de novembro, a previsão era de que o índice encerraria 2003 na marca de 9,69%, e agora cai para 9,19%. Mais próximo, portanto, da meta oficial de 8,5%.

Isso se deve ao bom comportamento dos preços ao consumidor, que derrubaram a expectativa inicial do IPCA de novembro (0,54%) e deve ficar em torno de 0,35%, no anúncio que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fará na próxima quinta-feira. Os dados refletem queda, também, na previsão de inflação de dezembro, que cai de 0,50% para 0,45%.

Os demais índices de inflação, que constam do Boletim Focus, também estão em baixa e preconizam índices iguais ou abaixo da meta. O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) prevê 8,53% no acumulado de 2003; o Índice de Preços ao Consumidor, medido pela Fundação Instituto de Pesquisa da Universidade de São Paulo (IPC-Fipe), prevê 8,18%; e o Índice Geral de Preços (Disponibilidade Interna), o IGP-DI, calcula majoração total de preços no ano em 7,48%.

Bom sinal, também, de controle da inflação está na estimativa de preços administrados (combustíveis, energia, telefonia, transportes e outros), cujo cálculo caiu de 13,85%, no início de novembro, para 13%, no acumulado do ano. A previsão é de que deve cair para 7,34%, em 2004 – o IPCA deve chegar a 6%, o IGP-DI a 6,23%, o IGP-M prevê 6,40% e o IPC-Fipe estima 6,11%.

A pesquisa mostra, ainda, que as expectativas de mercado são otimistas quanto ao aumento do saldo de conta corrente, que passa de US$ 2,65 bilhões, na semana passada, para US$ 2,80 bilhões. As previsões continuam firmes em relação à taxa de câmbio, que deve encerrar o ano com cotação de R$ 3 por dólar norte-americano (R$ 3,25, em 2004); balança comercial com saldo de US$ 23,5 bilhões (US$ 18,33 bilhões, em 2004); e investimentos estrangeiros diretos de US$ 9 bilhões (US$ 12 bilhões, em 2004).

O pessimismo demonstrado na pesquisa fica por conta das frustrações quanto ao crescimento das riquezas do país. As previsões do início do ano de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,93%, que já eram baixas, caíram mais ainda ao longo do ano e, em função de controvérsias entre os ministérios da Fazenda e do Planejamento, na semana passada, as estimativas do mercado desabaram de um PIB de 0,68%, há oito dias, para 0,30%, em 2003 (3,50% no ano que vem). Como resultado imediato, o comprometimento da dívida líquida do setor público com o PIB também deve subir de 57,60%, na semana passada, para 57,70%, com possibilidade de cair para 56% até o final de 2004. (Fonte: Agência Brasil)