Os maiores produtores mundiais de biocombustíveis deveriam começar a trabalhar juntos dentro do objetivo de substituir os combustíveis fósseis usados nos meios de transporte, afirmou o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho.
`Em vez disso, nunca deixo de ficar perplexo, que ainda estamos considerando substituir o petróleo por combustíveis renováveis dentro do modelo de protecionismo do século 19, disse ele, ao participar do Reuters Global Biofuel Summit.
Os Estados Unidos, que se tornaram os maiores produtores mundiais de etanol, ultrapassando o Brasil na área, impõem uma tarifa de importação de 54 centavos de dólar por galão.
Segundo Carvalho, os dois países `são os maiores produtores de etanol do mundo e não estão trabalhando juntos.
`Todos sabemos dos problemas logísticos que os EUA enfrentam levando etanol do Cinturão do Milho para o seu maior mercado consumidor, na costa oeste. Por que autoridades dos EUA não visitaram o Brasil para descobrir como distribuímos etanol por meio de dutos por todo o Brasil, que tem dimensões continentais, sem nenhum problema?, questionou.
Ele acrescentou que os avanços recentes dos EUA na área de destilação poderiam beneficiar o Brasil, mas que há pouca troca de informação entre os dois gigantes.
O mundo produz cerca de 400 bilhões de galões de gasolina por ano, enquanto a produção de etanol atinge apenas 10 bilhões de galões, segundo Carvalho, para quem o concorrente do etanol brasileiro não é o norte-americano, mas o próprio petróleo.
O presidente da Unica esteve recentemente na Califórnia para se encontrar com autoridades do governo com o objetivo de aprofundar os laços no etanol e disse que convidou o governador do Estado, Arnold Schwarzenegger, para participar de um evento da associação brasileira em São Paulo, em junho.
“O lobby do milho dos EUA age como se quiséssemos invadir o mercado dos EUA com etanol… Mesmo se tivéssemos os Marines, não teríamos etanol para abastecer o mercado deles. Estamos conseguindo apenas atender à demanda local.
O Brasil exportou pouco mais de 3 bilhões de litros de etanol em 2006, e os embarques não devem subir muito em 2007.
Carvalho afirmou que a demanda local deve triplicar dentro de seis ou sete anos devido ao sucesso do carro flexível, que foi lançado em 2003 e já responde por mais de 80 por cento das vendas de veículos novos.
“Em 20 anos, duvido que haverá algum carro a gasolina no mercado brasileiro. Serão todos movidos a álcool. Esta é a nossa previsão e espero que a Petrobras não nos ouça, disse.
A Unica estima que os investimentos na expansão da capacidade do setor atualmente em curso somem 15 bilhões de dólares.
Quando perguntado se não haveria um risco de otimismo excessivo por parte de investidores na indústria, Carvalho afirmou que as atuais projeções para o preço do petróleo indicam que o produto não deve voltar para os 20 dólares por barril.
Ele acrescentou que há atualmente uma nova urgência em elevar o uso de combustíveis renováveis em regiões como a Europa por conta de preocupações ambientais, principalmente.