O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o titular da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, reafirmaram ontem o compromisso mútuo de dar os passos necessários para alcançar um acordo nas negociações comerciais da Rodada Doha. “Demos instruções a todos os negociadores para chegar a uma solução o mais rápido possível”, anunciou o representante europeu, depois de ser recebido por Bush na Casa Branca.
Logo em seguida à divulgação das notícias sobre o encontro, as principais autoridades em comércio dos EUA e da UE afirmaram ter visto uma melhora nas perspectivas para um novo acordo global. “Talvez, exista aqui uma importante oportunidade”, disse a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, após um encontro com o comissário comercial da UE, Peter Mandelson.
Em declarações à imprensa, Durão Barroso disse que “Doha não é apenas comércio, é também desenvolvimento” e que este é um “momento decisivo” para a retomada do processo. O presidente da CE afirmou que é necessário que mais representantes da comunidade internacional se comprometam, pois é preciso conseguir “um autêntico acordo global”.
Bush destacou a importância de Washington e Bruxelas “solucionarem suas diferenças sobre a rodada comercial da OMC”, de modo que possam “promover o comércio”. “Nós reconhecemos que a melhor forma de ajudar as nações empobrecidas é concluir a Rodada Doha e promover o aumento da riqueza e das oportunidades através de um comércio aberto, razoável e justo”, disse Bush.
Apesar das declarações de boas intenções de ambos, não se falou sobre possíveis ofertas para reativar as negociações multilaterais sobre comércio lançadas em Doha, capital do Catar, em 2001 e que deveriam ter sido concluídas no final de 2006. Durão Barroso viajou para os EUA acompanhado do comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, com o propósito de conseguir um compromisso claro de Bush para retomar o diálogo.
Tempo é curto
A UE deseja que os EUA reduzam de US$ 23 bilhões para US$ 15 bilhões os subsídios concedidos anualmente a seus agricultores. Como contrapartida, Bruxelas estaria disposta a oferecer uma redução adicional de suas próprias tarifas agrícolas para facilitar um acordo. Embora Bush tenha dito que está disposto a fazer esforços para facilitar um acordo, o problema agora é que não resta muito tempo para isto, já que o Congresso dos EUA deve decidir em março os novos subsídios para o setor, que a UE teme serem muito altos.
Além disso, o chamado mandato de negociação pela “via rápida” (fast track) que o presidente dos EUA recebeu do Congresso termina no final de junho, e, por isto, a UE espera um compromisso de Bush para solicitar sua ampliação. Por isto, Durão Barroso insistiu no argumento de que é necessário aproveitar este “momento decisivo”.