A safra de cana do centro-sul do Brasil 2006/07 atingirá o recorde de 371 milhões de toneladas, informou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) nesta quarta-feira. O volume supera ligeiramente o previsto pela entidade em setembro, de 370,6 milhões de toneladas.
Em relação à safra passada, que ficou em 336,9 milhões de toneladas, o novo número representa um incremento de 10 por cento. Essa foi a terceira e última projeção para a safra 2006/07.
A primeira previsão da entidade, em abril – antes portanto da estiagem que durou até setembro -, apontava para uma moagem de 375 milhões de toneladas. O tempo seco, contudo, elevou a concentração de sacarose na cana.
“Tanto a produção de açúcar quanto a de etanol foi recorde este ano’, disse a jornalistas o presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho. “O teor de açúcar na cana foi espetacular este ano’.
O teor de matéria-prima na cana ficou, na média da temporada, 3,8 por cento acima do registrado em 2005/06. Com isso, a oferta de ATR (açúcar total recuperável) saltou 13,9 por cento no comparativo entre safras, para 54,5 milhões de toneladas.
“Tivemos de maio a julho uma cana muito rica (em sacarose), o que normalmente não acontece (nessa época)’, observou Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da entidade.
Em contrapartida, disse ele, “em outubro, nunca choveu tanto quanto este ano’, o que acabou comprometendo o rendimento industrial da cana moída na última etapa da safra. Em novembro e dezembro, o regime de chuvas voltou ao “normal’.
MAIS AÇÚCAR
A Unica informou que a produção de açúcar deverá somar na temporada 25,8 milhões de toneladas, ante 26,2 milhões previstos em setembro e 22 milhões de toneladas em 2005/06.
A produção de álcool foi estimada em 15,9 bilhões de litros, contra 15,8 bilhões de litros previstos anteriormente e 14,3 bilhões de litros obtidos na temporada passada.
O grande incremento ocorre na produção de hidratado, para atender à crescente frota de veículos flexíveis. O volume produzido deve aumentar 16,2 por cento ante 2005/06, para 8,5 bilhões de litros. No caso do anidro, a alta é de 5,9 por cento, para 7,4 bilhões de litros.
O consumo dos veículos flexíveis possibilitou um incremento de 1 bilhão de litros na demanda por hidratado no ano-safra, segundo a Unica, o que acabou compensando uma queda de mesmo volume na demanda de anidro, devido à redução da mistura de álcool na gasolina no começo do ano, de 23 para 20 por cento.
O consumo total do combustível no ano-safra deve ficar em 12,9 bilhões de litros, igual ao da temporada anterior.
As usinas no centro-sul destinaram 50,4 por cento da cana para a produção de álcool (com o restante sendo dedicado ao açúcar), índice menor que o de 51,7 por cento da safra anterior, devido aos preços mais remuneradores do açúcar.
Embora evite fazer comentários sobre a próxima safra, a diretoria da Unica afirmou que a fatia da produção destinada ao álcool aumentará, com o mercado interno do combustível figurando como a “mola propulsora’ do setor.