Exportação recorde de álcool combustível não deverá se repetir em 2007, prevê a Unica. da Cana-de-açúcar (Unica). Eduardo de Carvalho, presidente da entidade, informou que o volume das exportações de álcool, num total de 2,9 bilhões de litros no período, dificilmente se repetirá na próxima safra. “A produção local dos Estados Unidos cresce a uma velocidade maior que a do Brasil e antigos clientes do álcool nacional, como a Índia, deixaram de importar o combustível brasileiro”.
O período 2006/07 foi extremamente favorável para o setor, não só por causa do clima propício. A demanda manteve-se aquecida, tanto no mercado interno, quando no internacional. Novas leis ambientais contribuíram para que as distribuidoras americanas comprassem álcool brasileiro e se dispusessem a pagar a sobretaxa de 54 centavos de dólar o galão, o que corresponde a 14 centavos de dólar o litro. Gradativamente essas distribuidoras estão deixando o mercado internacional, porque produção de álcool de milho cresce em velocidade acelerada a um ritmo de 1 bilhão de litros ao ano. A oferta doméstica de álcool, segundo a lei ambiental aprovada pelo congresso dos EUA deveria atingir 7.5 bilhões de litros em 2012. Mas a elevada capacidade americana de investimento permitirá que essa meta seja atingida em 2008, afirmou Carvalho.
Com isso, a expectativa de vender álcool aos EUA nos próximos anos se resume ao atendimento dos mercados das costas leste e oeste daquele país. A lógica dessa estratégia, segundo o presidente da Unica, está no fato de que as usinas de etanol americanas estão sendo instaladas nos estados centrais, distantes portanto de importantes mercados como da Flórida e Califórnia. “Nesse caso levamos uma pequena vantagem em relação à produção local de álcool”, afirmou Carvalho.
No mercado interno, os preços do álcool combustível mantiveram-se estáveis desde outubro. A Unica, que tomou como base os preços apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq). Nesse período, os preços pouco variaram em torno dos R$ 0,75 o litro, nas usinas. Esse cenário ficou distante das cotações do combustível nas duas safras passadas, quando os preços ficaram acima da média deste ano e quando os valores oscilaram fortemente.
A indústria sucroalcooleira conviveu este ano com fatores de instabilidade de mercado. Duas alterações contribuíram para isso a exigência por parte do governo paulista de adição de corante ao álcool anidro vendido pelas usinas, coibindo as fraudes e a comprovação, por parte das distribuidoras de combustíveis de que o álcool anidro negociado corresponde à gasolina adquirida. As medidas contaram com apoio das usinas, mas contribuiu para a queda das vendas do combustível no mercado interno.
O presidente da Unica recusa-se a fazer prognóstico em relação ao mercado e o comportamento da próxima safra de cana-de-açúcar.