A Petrobras, em parceria com a japonesa Mitsui, negocia a venda de álcool brasileiro para termelétricas do Japão, informou ontem à agência Reuters o gerente-executivo de Abastecimento, Paulo Maurício Cavalcanti Gonçalves. “Os passos estão adiantados”, disse Gonçalves, que participou de evento da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), realizado no Rio.
O negócio envolvendo as térmicas japonesas representa uma avanço nos planos da Petrobras em vender, no futuro próximo, grandes volumes de álcool para o país asiático. Hoje, o mercado de maior interesse no Japão é o automotivo, já que o país estuda aprovar a medida que prevê a mistura de 10% de álcool na gasolina, o que abriria um mercado para 6,5 milhões de litros por ano do produto derivado da cana.
Segundo Gonçalves, a Petrobras e Mitsui estão realizando testes no Brasil e Japão para avaliar o processo que prevê a venda de álcool para térmicas. De acordo com o gerente executivo, as térmicas japonesas envolvidas na negociação representam 45% da energia gerada no Brasil, ou cerca de 40 mil megawatts. O volume de álcool a ser vendido, porém, ainda depende de avaliações, disse Gonçalves à Reuters.
O executivo informou que os testes no Japão estão mais adiantados que no Brasil, “já estão na modelagem de turbinas”, e que o novo negócio não deve alterar o volume previsto para exportações gradativas a partir do Brasil, de 3,5 bilhões de litros por ano no período entre 2008-2011.
Gonçalves diz que a parceira Mitsui deverá financiar produtores brasileiros de álcool para garantir o volume de exportação ao mercado japonês. Já a Petrobras cuidará da logística no Brasil e no Japão, onde tem uma joint-venture com a Nippon Alcohol Hanbai para comercialização de álcool.
“A Mitsui entra financiando para garantir que terá álcool para exportar mais à frente”, explicou o executivo, descartando mais uma vez a entrada na Petrobras na produção de álcool. “Só faremos a logística”. No entanto, não está descartada a hipótese de a Mitsui se associar a uma usina local para produzir o próprio álcool. Durante o evento realizando ontem no Rio, o executivo confirmou também negociações para a compra de uma refinaria de petróleo no Japão, “de porte não muito grande”, mas disse que ainda não há nada definido e conversas estão se desenvolvendo também em outros países da Ásia, na Europa e nos Estados Unidos.
No ano passado, o Brasil exportou cerca de 2,5 bilhões de litros de álcool em 2005, de uma produção de cerca de 15 bilhões de litros. No futuro, a Petrobras tem planos de oferecer aos possíveis clientes de fora do País, além da logística de alcooldutos, contratos de venda de longo prazos (até 20 anos, com preços pré-estabelecidos).