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Ingleses vão investir R$ 1,2 bilhão em usinas de álcool no Norte

O Extremo Norte do Espírito Santo, será nos próximos anos, um dos importantes pólos sucroalcooleiros do Sudeste brasileiro. A empresa inglesa Infinity Bio-Energy planeja investir, até 2010, US$ 560 milhões (cerca de R$ 1,2 bi) na construção e ampliação de cinco usinas. O valor é quase o dobro do que o divulgado inicialmente.

A produção anual das cinco usinas será de 600 milhões de litros de álcool e 350 mil toneladas de açúcar, que consumirá 10 milhões de toneladas de cana. A Infinity quer se transformar, a partir do Brasil, em uma empresa líder mundial na produção de álcool e açúcar.

Os investimentos vão gerar quase 10 mil postos de trabalho diretos nas atividades industriais e agrícolas e outros 8,2 mil empregos indiretos nas diferentes atividades da cadeia produtiva sucroalcooleira. O mega projeto da Infinity, vai ampliar o leque de oportunidades para a região, que tem baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

“Teremos a inclusão do Espírito Santo em um dos segmentos do agronegócio brasileiro que está entre os mais competitivos”, destaca o vice-governador eleito Ricardo Ferraço, que reassume a Secretaria Estadual de Agricultura na manhã desta segunda-feira.

Os 40 mil hectares de plantio de cana-de-açúcar vão dobrar na região, acelerando a geração de emprego no campo, ressalta Ferraço. Um dos reflexos da concentração de usinas na região será a atração de empresas da área de metalurgia para a prestação de serviços de manutenção e reparo nos equipamentos das plantas sucroalcooleiras.

Negócio. A entrada do grupo de investidores brasileiros e norte-americanos no pólo sucroalcoleiro do Espírito Santo deu-se pela porta da indústria alcooleira Alcana, situada em Nanuque, no Leste de Minas Gerais. O grupo Evergreen – que teve o controle acionário adquirido pela Infinity – que já era dono da Alcana, em maio último, comprou as ações da Cridasa, em Pedro Canário.

No mês passado, quando da posse da nova diretoria da Cridasa, o representante da Infinity no Brasil, Sérgio Thompson-Flores, apresentou ao governador Paulo Hartung o plano de investimentos traçado para o Espírito Santo, que vai alavancar o desenvolvimento do Extreno Norte Capixaba, do Sul da Bahia e Leste de Minas Gerais.

O projeto prevê a ampliação da produção da Alcana e da Cridasa , além da implantação de três usinas. Uma em Montanha, que já está em construção, e outra em Mucurici, ambas no Espírito Santo. A de Mucurici será construída em parceria com a Disa, de Conceição da Barra. A terceira será construída no Sul da Bahia.

Energia

600 milhões

É o número de litros de álcool que será produzido anualmente nas cinco usinas. A produção anual de açúcar será de 350 mil toneladas.

Exportação aguarda novo terminal

As três novas usinas que serão construídas pela Infinity focarão a produção de álcool para atender à demanda do mercado interno e também para exportar. A de Montanha, por exemplo, terá produção de álcool toda voltada para o mercado externo.

E para exportar sua produção a Infinity precisará de um terminal portuário. A intenção da empresa, segundo o vice-governador eleito, Ricardo Ferraço, é utilizar o terminal de granéis líquidos do Porto de Barra do Riacho para embarcar sua produção.

Mas o projeto do terminal de Barra do Riacho não sai do papel, faz mais de uma década. Se até a entrada de operação das novas usinas o terminal portuário ainda estiver parado, a opção será utilizar o terminal que a Companhia Vale do Rio Doce estuda implantar em Vila Velha, em parceria com a Oiltanking, a segunda maior operadora do mundo de terminais para granéis líquidos.

Além de escoar a produção das usinas do Espírito Santo, o novo terminal seria utilizado ainda para liberar o álcool e de açúcar do Triângulo Mineiro e de Goiás, reduzindo a movimentação no Porto de Santos, em São Paulo.

Setor precisa de capacitação

A mão-de-obra que será demandada para ocupar os milhares de postos de trabalho que serão gerados com os novos investimentos vai precisar de capacitação e de qualificação. Do cortador de cana ao operador dos sofisticados equipamentos que serão implantados nas usinas que produzirão álcool e açúcar.

O governo estadual está aguardando a entrega do protocolo em que a Infinity oficializará seu plano de investimentos no Espírito Santo.

A partir daí será constituído um grupo de trabalho, envolvendo várias secretarias, que terá a responsabilidade de detalhar as ações necessárias garantir a capacitação dos trabalhadores a serem contratados.

Passo. No competitivo mundo globalizado dos negócios, a redução de custos é quase que uma ordem. E a produção com menor custo implica na adoção das tecnologias disponíveis em todas as etapas do processo.

No setor sucroalcooleiro vai desde os cuidados com a terra, passando pelo plantio e corte da cana, envolvendo todas as etapas do processo produtivo.

Para capacitar as pessoas que já estão e as que entrarão na atividade, será necessária a estruturação de parcerias envolvendo o setor público e privado, que resultarão nos cursos para atender os trabalhadores, destaca Ferraço.