As baixas taxas de inflação estão beneficiando o rendimento dos trabalhadores na indústria, que cresceu em agosto, em todas as bases de comparação, segundo apurou pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor da folha de pagamento na indústria subiu 1,1% ante julho e 0,8% ante agosto do ano passado. No saldo acumulado, o cenário é também positivo: altas de 0,7% nos oito meses do ano, e de 1,2% em 12 meses até agosto.
Para a técnica do IBGE Denise Cordovil, as taxas de inflação em níveis baixos conduziram a um aumento significativo no poder aquisitivo do trabalhador da indústria. Nesse período, o trabalhador teve uma renda maior, ressaltou. De outro lado, com a produção industrial apenas em lenta recuperação, o emprego ainda não acertou o passo e não conquistou mais do que a estabilidade no mês, com queda de 0,1% na comparação com julho.
Na relação com agosto do ano passado, o saldo também foi muito próximos a zero, com crescimento de 0,2% na ocupação. Denise Cordovil comentou que os dados da média móvel trimestral – a comparação de um trimestre com o imediatamente anterior – considerado o principal indicador de tendência, também ficaram estáveis em agosto e julho.
A produção industrial está em um movimento de recuperação modesta no segundo semestre. Há um crescimento mais suave. E o emprego responde a isso, mas com certa defasagem. Essa lenta recuperação na produção industrial não piorou nem melhorou (o emprego industrial), afirmou a economista do IBGE.
CONFIANÇA
Para ela, o emprego na indústria só voltará a registrar taxas de elevação significativas quando a produção industrial apresentar crescimento mais sustentável. Assim, os empresários ficam confiantes com os rumos futuros, e aumentam as contratações, comentou. Mas o que a gente observa agora é que, no que se refere mercado de trabalho industrial, não houve uma resposta robusta, afirmou.
Para o analista da consultoria Tendências Guilherme Maia, a criação de vagas no setor tende a acelerar. Ele considerou que o ajuste de estoques foi um dos motivos pelos quais a dinâmica industrial tem sido mais modesta nesses últimos meses. De outro lado, já se observam sinais de enfraquecimento do ajuste de estoques e aceleração de investimentos em relação a 2005, enquanto a demanda interna continua forte. Do ponto de vista agregado, o resultado líquido deve ser um crescimento maior do pessoal ocupado nos próximos meses, considerou.
Nos acumulado do ano, os resultados do emprego industrial continuam negativos, com queda idêntica, de 0,4%, tanto nos primeiros 8 meses do ano, quanto nos 12 meses até agosto.