A França, que pretende desenvolver o uso do bioetanol, deverá se defender do etanol brasileiro para proteger os interesses do setor e os de seus agricultores, disseram ontem fontes oficiais. “É preciso proteger o setor, ainda que respeitando as regras do livre-comércio internacional”, assegurou o ministro francês da Agricultura, Dominique Bussereau.
Segundo informa a agência AFP, o etanol brasileiro busca há algum tempo o mercado europeu. “É uma ameaça importante para o desenvolvimento dos biocombustíveis, e a solução passa pelas negociações no âmbito da OMC para [estabelecer] cotas de importação do etanol brasileiro, que já está na porta da União Européia [UE]”, advertia no fim de 2004 o presidente do Instituto Francês do Petróleo (IFP), Olivier Appert.
O Brasil é o primeiro produtor e exportador mundial de álcool de cana-de-açúcar. Cerca de 80% dos novos automóveis vendidos estão equipados com motores flex. “Não é lógico que o álcool continue sendo no mercado internacional o único bem energético protegido por elevadas tarifas aduaneiras”, lamentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita à França em julho de 2005.
Em 2005, “a União Européia produziu 750.000 toneladas de etanol, para um consumo de 950.000 toneladas, contra 12 milhões de toneladas do Brasil. A produção européia é proveniente essencialmente de Espanha, Suécia, Alemanha e França”, segundo o IFP.
Mas a Europa “não tem nenhum interesse estratégico em reduzir a dependência do petróleo se é para aumentar a dependência a respeito do etanol brasileiro”, disse uma fonte à AFP. Atualmente, as importações de etanol estão submetidas a um direito de aduana e, “se for levado em conta os gastos de frete, o preço do etanol brasileiro alcança mais ou menos o mesmo preço que o [etanol] europeu”, segundo a fonte.
“É consenso na Europa manter essas barreiras de proteção [contra o etanol brasileiro] por pelo menos cinco a dez anos, a fim de permitir o desenvolvimento do setor na Europa “