Os fornecedores de cana-de-açúcar da região centro-sul, responsável por 85% da produção nacional, estão recebendo mais pela tonelada da matéria-prima entregue às usinas nesta safra, a 2006/07. De maio até o momento, o pagamento pela tonelada da cana alcançou R$ 55, um aumento de 25% em relação ao preço médio pago na safra 2005/06, que ficou em R$ 44,94, conforme Manoel Ortolan, presidente da Organização dos Produtores de Cana da Região do centro-sul do Brasil (Orplana).
A entidade representa 24 associações de plantadores de cana, dos quais 21 estão em São Paulo, e atua em uma área de 800 mil hectares, equivalente a 62 milhões de toneladas de cana.
O aumento da remuneração da cana reflete, em parte, as discussões travadas entre as associações de produtores e as usinas do setor sobre o modelo Consecana, usado como referência para o pagamento da matéria-prima. No ano passado, os plantadores questionaram o modelo Consecana e pediram revisão deste sistema. “Com a revisão do Consecana [basicamente houve mudanças nos parâmetros técnicos], tivemos um aumento real de 7%”, afirma Ortolan.
De acordo com o dirigente, a atual remuneração está acima dos custos de produção, projetados em R$ 43 por tonelada. Nos últimos anos, os plantadores de cana-de-açúcar argumentavam que os preços pagos mal cobriam os custos de produção. Outra reclamação era de que os fornecedores não estavam se beneficiando dos aumentos dos preços do açúcar e do álcool nos mercados interno e externo.
Com os anúncios de investimentos em novas usinas em todo país, os plantadores de cana estão migrando de suas regiões de origem para acompanhar a expansão das usinas, segundo Ortolan. “Há um movimento de migração de plantadores para o oeste paulista e para o Centro-Oeste, ainda desordenado”, diz.
A Orplana ainda não tem um mapeamento desse movimento, mas informa que boa parte dos fornecedores paulistas está comprando e arrendando terras em áreas ocupadas, sobretudo por pastagens. “O contingente de plantadores de cana está crescendo. Há muitos pequenos agricultores de grãos interessados no plantio da cana”, afirma Ortolan.
A Orplana está realizando seminários com produtores interessados em investir em canaviais. (MS)