Mercado

Empresários saíram desanimados de almoço com Mandelson

É difícil encontrar alguma autoridadeenvolvida na Rodada Doha que admita, oficialmente, que ela vai dar em nada. Muito menos por parte do comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson. No entanto, o seleto grupo de empresários e ex-integrantes do Itamaraty que participou, ontem, de um almoço fechado, promovido pelo embaixador Sérgio Amaral, Celita Procópio de Carvalho e Antônio Bias Guillon, na Faap, não saiu nada animado. Pelo contrário. Tanto Josué Gomes da Silva, da Coteminas e do Iedi, como o usineiro Hermelindo de Oliveira, da Coopersucar, depois de ouvir Mandelson, concluíram que a política externa brasileira tem que rumar, mesmo, para os acordos bilaterais. Não há mais o que esperar. A situação brasileira hoje é difícil no cenário internacional visto que o País está a meio caminho entre os países do Primeiro Mundo e os do Quarto Mundo, sendo penalizado por isso, frisou Gomes da Silva.

Oliveira, por sua vez, fez várias perguntas a Mandelson e, ante suas respostas, nada positivas, sobre a possibilidade de se facilitar a entrada de etanol na Europa, também desanimou. Não sei o que o Brasil está esperando para mudar esta política externa.

O ex-ministro Marcus Pratini de Moraes, da Abiec, atacou as práticas européias contra a carne brasileira. Pagamos, em alguns casos, mais de 140% de taxa de entrada quando o Rolls Royce, inglês, paga 35% de imposto para entrar no Brasil. Não consigo entender isto, disse Pratini. A reação de Mandelson passou por uma crítica – a de que a posição brasileira tem espremido países mais fracos, que necessitam de mais ajuda, como os africanos, que não pagam pedágio para entrar na União Européia. E, diplomaticamente, perguntou por que o Brasil não consegue abrir as portas para sua carne nos EUA.

O ex-embaixador Rubens Barbosa, também presente, declarou ter pouca esperança de verandar qualquernegociação agora, mas acredita que, de dezembro de 2006 a março de 2007, um esforço conjunto será feito e alguma solução pode sair. Afinal, politicamente, o fracasso da Rodada Doha é ruimpara todos. E, economicamente, ainda pior para países menos desenvolvidos como o Brasil. O ex-ministro Celso Lafer, por sua vez, deixa mais uma vez claro o seu total ceticismo em relação aos rumos da política externa brasileira.

Mas isto, convenhamos, não é novidade, nem privilégio seu.