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Mistura de 5% de biodiesel é antecipada

O governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu antecipar o cronograma de elevação da mistura obrigatória de 5% de biodisel ao diesel comum, o chamado B-5, e divulgou ontem sua expectativa de que, até o fim de 2006, a oferta desse combustível se estenda dos atuais 2.300 postos para 4.100 no País. Os anúncios feitos pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foram em seguida reiterados com entusiasmo pelo próprio presidente Lula. A uma platéia de empresários, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), ele declarou que biodiesel é uma “paixão do governo” que garantirá, no futuro, a condição do Brasil como “líder” e “potência” na área de energia renovável.

Para o presidente, o Brasil encontrou sua vocação e ingressou em um “círculo virtuoso”, que são refletidos pelo “crescimento econômico”, pela estabilização da moeda, pelo salto das exportações, pelo fortalecimento das instituições, pela redução dos desequilíbrios sociais e pela expansão do mercado de trabalho. O programa nacional do biocombustível completa, na sua avaliação, esse quadro de otimismo.

“O biocombustível será o passaporte para o Brasil atravessar a fronteira do desenvolvimento”, afirmou, em seu discurso na abertura do I Encontro Nacional de Biocombustível. “Em cada lugar do mundo que vou, eles vão ter que engolir um pouco de biocombustível”, improvisou, ao comentar seu empenho em divulgar o insumo em suas viagens internacionais.

Pouco antes, a ministra Dilma Rousseff havia anunciado a decisão do governo de antecipar meta do B-5, cuja adoção estava prevista apenas para 2013. Mas teve o cuidado de esquivar-se de apresentar a data para que a adição obrigatório do biodiesel alcance 5%. Até 2007, continua autorizada a mistura de 2%. Em 2008, conforme o cronograma original, essa adição de 2% passaria a ser obrigatória. De acordo com Rousseff, nos quatro leilões de biodiesel já realizados, foram contratados 840 milhões de litros do combustível – volume suficiente para suprir a demanda.

“Temos de ser cautelosos para não cometer aventuras”, destacou a ministra. “Não nos deixaremos levar pela empolgação nem vamos colocar o carro na frente dos bois. Mais importante que antecipar as metas é consolidar a cadeia produtiva dos biocombustíveis. Nunca com a pressa desordenada com que foram feitas tantas coisas no Brasil”, completou Lula, logo depois de reiterar que o cronograma será antecipado.

A ministra da Casa Civil disse que os investimentos necessários em pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis entre 2006 e 2008 deverão alcançar cerca de R$ 355 milhões e provir dos ministérios de Minas e Energia e Ciência e Tecnologia, da Petrobrás e da Embrapa.