Mercado

Grão em tempos de alta

No Brasil, a colheita de café conillon, produzido em especial no Espírito Santo e Rondônia, deve ser finalizada em agosto. Quanto ao tipo arábica, mais comum em Minas, São Paulo e Paraná, os últimos grãos serão recolhidos até o mês de outubro.

A expectativa é de que a safra 2006/07 seja de 40,6 milhões de sacas, frente às 32,9 milhões no ano anterior. “A queda no período 2005/06 é motivada pelas oscilações de produção típicas de culturas permanentes, como o café”, diz Jorge Queiroz, analista da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento. Mas, longe de significar alívio quanto ao suprimento da demanda, o aumento da produção ainda está aquém do necessário.

O mercado mundial de café atravessa um período de oferta justa em relação à procura. Estima-se que a produção alcance 120 milhões de sacas, para um consumo que deve chegar a 119 milhões de sacas, segundo a OIC – Organização Internacional do Café.

Considerando que o consumo cresce em torno de 1,7% ao ano, nos próximos três anos serão necessárias 363 milhões de sacas para atender à demanda. Neste cenário, o Brasil, que detém 35% do mercado mundial, teria que produzir 127 milhões de sacas no próximo triênio, ou 42 milhões de sacas por ano. De acordo com Queiroz, este volume é inviável, já que em 2006 o país produzirá pouco mais de 40 milhões de sacas e no ano que vem deverá haver outra safra baixa.

O problema é agravado pelo fato de os resultados com a plantação de café não serem imediatos, o que também tornaria ineficaz a ampliação das áreas de produção. “Boa colheita, só depois de quatro anos desde a semeadura”, afirma.

Os estoques estão reduzindo a cada mês. Nos países consumidores, as reservas de café verde em maio de 2005 eram de 23,4 milhões de sacas, frente às 19,6 milhões de sacas no mesmo mês em 2006.