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CNI debate uso dos biocombustíveis

O aumento do volume de biodiesel negociado nos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a alta dos pedidos de financiamentos aos bancos oficiais de fomento e os recentes anúncios de construção de usinas de produção do combustível renovável comprovam que o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) finalmente saiu do papel. Os diversos agentes envolvidos na cadeia produtiva (agricultores, pesquisadores, beneficiadores, distribuidores e revendedores), além do próprio governo, sabem, porém, que alguns ajustes precisam ser feitos para garantir que os objetivos iniciais do programa, como inclusão social, preços competitivos e redução da poluição ambiental sejam efetivamente atingidos.

Com a preocupação de debater as nuances dessa nova cadeia produtiva, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) promove, na próxima quarta-feira (30), em Brasília, o 1º Encontro Nacional do Biocombustível, com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, técnicos e industriais. “Em uma reunião abrangente entre governo e iniciativa privada, discutiremos o tema em seus aspectos econômico, social e ambiental”, antecipa o presidente da CNI, Carlos Eduardo Moreira Ferreira. Serão discutidos o andamento do programa, a fiscalização do produto, os rumos do mercado e as oportunidades de negócios, entre outros pontos.

O momento é propício para o investimento em alternativas energéticas de fontes limpas e renováveis, afirma o presidente do Conselho de Administração da Brasil Ecodiesel, Jorio Dauster. “Temos a exaustão das reservas mundiais de petróleo nas próximas décadas e a necessidade de reduzir a emissão de gases poluentes”, diz.

Um dos aspectos que serão discutidos no encontro será a antecipação da mistura de 5% de biodiesel no combustível atual. De acordo com a Lei 11.097/95, que criou o PNPB, ela passará de 2% para 5% a partir de 2013. Como, no entanto, a capacidade produtiva brasileira tem aumentado exponencialmente, tanto o governo quanto os produtores já acreditam que essa etapa poderá ser cumprida antes.

Ela esbarra, contudo, em aspectos técnicos. Um deles é a garantia de funcionamento normal dos motores de ciclo diesel. As fabricantes têm de realizar testes para terem certeza de que o novo percentual de mistura não afetará a operação, tampouco a durabilidade dos motores novos e a dos que estão em uso. As empresas reunidas na Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), por exemplo, garantem que o B-2 não afeta em nada os atuais modelos, mas ainda não é possível dar a mesma garantia para a utilização do B-5.

O álcool, biocombustível em que o Brasil é líder de produção, também fará parte dos debates do Encontro promovido pela CNI, uma vez que o país foi pioneiro nessa indústria e conseguiu construir um modelo sustentável. Os erros e acertos do Pró-Álcool serão discutidos para que se possa utilizar no PNPB a experiência adquirida.