Mercado

Varejo vende 5,7% mais no semestre

Queda de 0,38% em junho, em relação a maio, foi considerada pontual por analistas. As vendas do comércio varejista registraram queda de 0,38% entre maio e junho, na série livre de influências sazonais, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o segundo recuo no ano, interrompendo seqüência de três elevações iniciadas em março.

Na avaliação de Reinaldo Silva Pereira, economista do IBGE, a queda no volume das vendas em junho parece pontual, refletindo menor número de dias úteis devido à Copa do Mundo. Ele avalia a trajetória do comércio nos primeiros seis meses do ano como bastante favorável quando comparada ao primeiro e ao segundo semestre de 2005, que tiveram expansão de 4,64% e 5,02% respectivamente. Sem ajuste, as vendas aumentaram 4,08% sobre junho de 2005, 5,68% no acumulado do ano e 5,34% nos últimos 12 meses. A receita nominal também recuou (–0,25%) na comparação com o mês anterior.

Para a analista da Tendências Consultoria Integrada, Camila Saito, o resultado foi estável em relação a maio, não influenciando a previsão de crescimento da consultoria de 5% no ano para o indicador. Em 2006, a evolução do comércio será moderada, acompanhando trajetória da economia, diz, acrescentando que os principais fatores positivos para o aumento das vendas este ano são a melhora da confiança do consumidor, o aumento do crédito, da renda e do emprego.

“A economia está passando por uma fase de recuperação. Houve uma escorregada em junho, mas essa escorregada foi pontual”, disse à Reuters o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, citando a diminuição dos dias úteis em razão da Copa.

Pereira lembra que na primeira metade de 2006, o crescimento do varejo foi puxado pelas atividades dependentes da renda, como hipermercados e supermercados. Essa evolução, diz ele, contrasta com a de 2005, quando as vendas foram mais influenciadas pelos segmentos dependentes do crédito como móveis e eletrodomésticos. “O limite de endividamento dos consumidores parece ter imposto uma troca entre os gastos baseados no crédito e na renda.”

Dentre as quatro atividades pesquisadas com ajuste sazonal, só hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram variação positiva (1%) entre maio e junho. Móveis e eletrodomésticos recuaram 5,07%, tecidos, vestuário e calçados 2,35% e combustíveis e lubrificantes 0,06%.

Na comparação com junho de 2005, as vendas cresceram em seis dos oito segmentos analisados, com destaque para hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (8,49%) – que, segundo o IBGE, foi favorecido pelo aumento dos níveis de ocupação e rendimento – outros artigos de uso pessoal e doméstico (13,53%) e 3,1% para móveis e eletrodomésticos.

Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação registraram aumento de 31,3%, devido à valorização do real e à evolução posi-tiva do crédito, emprego e rendimentos, segundo o IBGE. Já tecidos, vestuário e calçados tiveram recuou de 3,14% no mesmo período. Combustíveis e lubrificantes registraram a 18 queda consecutiva no volume de vendas em relação a junho de 2005 (–12,55%).