Mercado

Evolução incerta da indústria

Os dados do IBGE sobre a produção industrial regional de junho mostraram queda de 1,7% em relação a maio e confirmaram as bruscas oscilações no ritmo da produção dos últimos meses.

Os empresários parecem ter incertezas quanto ao ritmo da demanda e às perspectivas para o segundo semestre, em contraste com o otimismo das consultorias econômicas e do governo.

Dez, entre os 14 Estados ou regiões pesquisados pelo IBGE, mostraram queda da produção entre maio e junho. Os indicadores gerais sofreram grande influência de São Paulo, que teve declínio de 2,3%. O fechamento de fábricas em dias de Copa do Mundo e uma greve na Volkswagen ajudaram a derrubar os resultados, mas a queda foi generalizada e se deveu também a outros fatores.

O recuo foi puxado pelo Amazonas (5,4%), Paraná (4,3%), Rio (2,8%) e Minas (2,7%). A queda é continuada no Rio Grande do Sul, vítima da seca e da crise agrícola. Mas até a Região Nordeste, beneficiada por verbas públicas, registrou queda de 1,8%. Quanto às áreas em que a produção cresceu, foi maior a influência de fatores específicos, caso da produção de petróleo no Espírito Santo.

Na comparação entre os primeiros semestres de 2005 e 2006, o crescimento da produção foi de 2,6%, pouco acima dos 2% apurados na comparação de 12 meses, entre julho de 2004 e junho de 2005 e julho de 2005 e junho de 2006. Ou seja, até agora não se confirmam as expectativas de que a indústria poderia crescer até 6%.

Analistas econômicos, como os da consultoria Tendências, prevêem que a situação tende a mudar e que os indicadores já mostram recuperação em julho.

Cresceu o consumo de energia e a produção de veículos, bem como o movimento de veículos nas rodovias. No plano macroeconômico, o aumento se explicaria pela queda dos juros e o crescimento da massa salarial. Mas um terceiro fator – a expansão do crédito – poderá resultar em problemas à frente, decorrentes da inadimplência. Se o juro básico declina, os juros do crediário ainda são altíssimos e afetam a solvência dos tomadores.

Registra-se, além disso, a baixa criação de empregos na indústria de São Paulo. O nível de emprego, segundo os dados da Fiesp, aumentou apenas 0,03% em julho e 0,02% em junho, relativamente ao mês anterior. Entre janeiro e julho, dos 76 mil empregos criados na indústria paulista, 72,2 mil foram criados nos setores de açúcar e álcool, cujas exportações são recordistas e onde o País tem altíssima eficiência.