Os resultados regionais da produção industrial mostraram que a forte perda de ritmo do setor em junho, na comparação com maio, espalhou-se pela maior parte do País. Das 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dez mostraram queda ante mês anterior. São Paulo, com recuo de 2,3% ante maio, representou o principal impacto negativo para o setor na média nacional (-1,7%, segundo divulgou o instituto na semana passada).
São Paulo responde por cerca de 40% da produção nacional e, com o mau desempenho em junho, acabou influenciando os resultados do País. A gerente da Pesquisa Industrial Regional do IBGE, Isabella Nunes, explicou que a queda da produção paulista em junho ante maio refletiu as paralisações com as greves na indústria automobilística e as paradas nas fábricas por causa da Copa do Mundo.
Por outro lado, com crescimento de 0,5% em junho ante igual mês do ano passado, sob impacto da produção de açúcar, a indústria paulista evitou uma queda maior na média nacional, de 0,6% nessa base de comparação. No primeiro semestre, o Estado teve crescimento na produção de 3,4% ante igual período de 2005.
A pesquisa de junho foi a primeira a ser divulgada pelo IBGE com dados comparativos a mês anterior. Os resultados por região eram confrontados com iguais períodos do ano anterior, o que dificultava a percepção da tendência de curto prazo.
SEMESTRE
Para a gerente da pesquisa, os resultados da indústria regional confirmam a desaceleração do setor em junho em relação a maio e o bom desempenho do primeiro semestre. Dez locais tiveram crescimento no período em relação ao ano passado.
Segundo Isabella, no que diz respeito ao semestre, “as regiões mostram, sobretudo, dinamismo das exportações de produtos como minério de ferro, produtos siderúrgicos, petróleo, celulose e açúcar, além da presença importante de atividades produtoras de bens de consumo”. Para ela, o aumento na produção de bens de consumo duráveis e não-duráveis respondeu à maior oferta de crédito, aumento do rendimento médio real e inflação em queda.
Mas, para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em documento sobre a pesquisa, os resultado no semestre foram “concentrados em poucos setores e mostram que o setor encontra-se vulnerável, seja a mudanças no cenário internacional (menor expansão do comércio com queda dos preços das commodities), seja à desaceleração do consumo, induzida pelo maior nível de endividamento das famílias e pelo fim do ciclo de reposição de bens duráveis”.
O Espírito Santo apresentou os melhores resultados entre os locais pesquisados em junho. O Estado vem sendo beneficiado pelo aumento da capacidade de extração de petróleo. Na comparação com maio, a produção capixaba cresceu 5,1% e ante junho de 2005, 16,1%.
Do lado contrário, a indústria do Amazonas apresentou fortes quedas, com recuo de 5,4% ante maio e de 20,0% ante junho do ano passado, principalmente, por causa da queda na produção de material eletrônico e de comunicações, de 35,4% em relação a junho de 2005.
Cresce movimento em rodovias
O índice ABCR de atividade,que mede o movimento total de veículos nas rodovias, apresentou expansão de 1,5% em julho, em comparação com o mês anterior, já considerando efeitos sazonais. O resultado mostra que há sinais de retomada do crescimento da economia, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), que produz o indicador com a Tendências Consultoria Integrada.
A elevação do fluxo foi verificada na circulação de veículos leves (1,6%) e também de pesados (1,4%). Na comparação com julho do ano passado, no entanto, o Índice ABCR mostra queda de 0,4% no movimento de veículos nas rodovias. O fluxo de automóveis leves caiu 0,9% e o de pesados subiu 0,8%.
Segundo o economista Guilherme Maia, da Tendências, o índice ABCR de julho em relação ao mês anterior indica que até o fim do ano a economia do País poderá experimentar uma tendência positiva. A maior atividade da indústria é refletida pelo crescimento em julho de 1,4% no fluxo de veículos pesados, disse o economista, por meio de nota.