Sinal negativo na indústria. Em junho, dez de 14 regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram queda de produção frente a maio, na série com ajuste sazonal. Amazonas (-5,4%) e Paraná (4,3%) lideraram as reduções. Em seguida, vem o Rio, com variação de -2,8% — abaixo da média nacional (-1,7%). Os números são da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM), divulgada pela instituição.
— Alguns fatores contribuíram para esse resultado: paralisações devido à Copa e na extração de petróleo, greve do setor de automóveis, freio na produção de celulares, greve na Receita Federal e queda nas exportações — enumera Isabella Nunes, gerente da pesquisa do IBGE, lembrando que a produção de São Paulo, maior parque fabril do país, apresentou queda de 2,3%.
Na comparação entre os meses de junho de 2006 e 2005, os índices regionais foram negativos em 16 dos 27 ramos pesquisados. As maiores baixas vieram de setores como material eletrônico e equipamentos de comunicações (-21,0%), outros produtos químicos (-7,5%) e veículos automotores (-4,8%). Por outro lado, aumentaram a produção os segmentos de, por exemplo, máquinas para escritório e informática (52,7%) e refino de petróleo e produção de álcool (7,9%).
Iedi: crescimento no ano se concentra em poucas áreas
Isabella ressalta, no entanto, que a atividade industrial no primeiro semestre mostra um cenário mais favorável. Das 14 regiões avaliadas, 10 apresentaram taxas positivas. Destaques para as indústrias de Pará (13,5%), Ceará (7,2%) e Bahia (5,5%). Rio (3,3%) e São Paulo (3,4%) também ficaram acima da média nacional (2,6%).
— Esse desempenho se sustenta na exportação de commodities e na produção de bens de consumo duráveis, que se favorecem pelo crédito, pelo aumento de renda real e pelo controle inflacionário — explicou a gerente.
Neste ano, houve expansão no ritmo produtivo em 21 das 27 áreas pesquisadas pelo IBGE. Os principais impactos vieram de áreas como máquinas para escritório e informática (58,4%), indústria extrativa (8,4%) e máquinas e materiais elétricos (13,8%). Apresentaram queda os segmentos de madeira (-8,8%) e vestuário (-7,9%).
— Contribuíram positivamente programas do governo de inclusão digital e o Luz para Todos. Além da baixa cotação do dólar — disse Isabella.
Na avaliação do Instituto dos Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o desempenho da indústria no primeiro semestre se concentra em poucos setores e, por isso, está vulnerável a, por exemplo, mudanças no cenário internacional e redução do consumo. A instituição recomenda a manutenção da queda de juros, ações para a redução dos spreads bancários e a busca de uma taxa de câmbio competitiva.