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Alagoas espera recuperação na safra de cana-de-açúcar

Estado espera uma colheita de 25,1 milhões de toneladas, a partir de setembro. Primeiro no ranking de produção na cana-de-açúcar do Nordeste e quarto maior produtor do Brasil, o setor sucroalcooleiro alagoano espera colher 25,1 milhões de toneladas de cana na safra 2006/2007. A previsão fica 10% acima da produção de 2005/2006, mas não alcança a colheita feita no período 2004/2005. Ao contrário do Sudeste, a colheita de cana-de-açúcar do Nordeste começa no mês de setembro e termina entre fevereiro e março.

Numa primeira projeção para o período 2006/2007, os empresários alagoanos esperam uma produção de 2,3 milhões de toneladas de açúcar e 613 mil m³ de álcool combustível, sendo 259 m³ de anidro e 354 m³ de hidratado. O resultado, porém, não é suficiente para alcançar o volume colhido na safra 2004/2005, quando foram esmagados 26 milhões de toneladas de cana. Na última safra os empresários tiveram um decréscimo de 14% na colheita, considerada a maior queda dos últimos cinco anos.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar), Pedro Robério Nogueira, explica que a alta prevista, em comparação à safra anterior, acontece por causa de melhor distribuição das chuvas nos 400 mil hectares de canaviais e da expansão nas áreas de plantio, recuperadas após o longo período de seca.

“As plantações de cana que estavam mortas foram renovadas”, explica Nogueira. “O percentual não é o desejado, mas depois de dois anos de quedas, por causa de poucas chuvas, os produtores estão mais otimistas”, afirma.

Outro fator para o crescimento foi a adoção de novas espécies de cana, resultantes de pesquisas feitas pela Universidade Federal de Alagoas. Seus investimentos se dirigem para o desenvolvimento de plantas mais resistentes a longos períodos de estiagem. Hoje, as usinas do estado expandem a área de plantio da espécie RB 92759. “Essa espécie já está em 20% das áreas cultiváveis do estado”, revela o presidente do Sindaçúcar alagoano.

Ele enfatiza que, se a produtividade industrial da safra 2006/2007 for alta, o setor sucroalcooleiro do estado pode alcançar os 26 milhões registrados duas safras atrás. “Esta safra será de recuperação, o que é de extrema importância para nós, empresários”, avalia.

Nogueira explica ainda que, nesta safra, haverá maior percentual replantado. Segundo ele, o replantio de cana-de-açúcar é feito depois de cinco anos de colheita, envolvendo de 10% a 15% da área total. Neste ano, porém, deve alcançar 20%. O processo renovador amplia o volume produzido. “Alagoas recupera, em média, entre 60 mil e 70 mil hectares por ano. Para esta safra foram 80 mil hectares de canaviais renovados”, assegura.

Agronegócio

O representante do setor sucroalcooleiro manifesta preocupação com a exclusão do Nordeste para incentivos à instalação de novas usinas de álcool, voltadas para dar também suporte à agroenergia.

Nogueira lembra que, dentre as futuras usinas a serem construídas para atender à demanda mundial por álcool, nenhuma se encontra no Nordeste. De acordo com sua análise, fatores como clima, topografia e solos dificultam a competição com o Centro-Sul.

“Nossa renda não é suficiente para fazer os investimentos necessários à produção. É por isso que políticas públicas como a equalização são necessárias para garantir a sobrevivência do setor.” O presidente do Sindaçúcar de Alagoas levou essa preocupação ao novo ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes, em Brasília. Na ocasião, apresentou uma proposta do setor para o pagamento da dívida do programa de equalização de custos da cana-de-açúcar (calculada em R$ 900 milhões para todo o Nordeste) em títulos securitizados para as usinas e em dinheiro para os fornecedores.