O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já definiu os estados que participarão do rateio do R$ 1,3 bilhão que o Banco de Cooperação Internacional do Japão (JBIC) irá oferecer para o financiamento da ampliação da oferta de álcool e de biodiesel no Brasil. Metade desse valor será destinado à expansão da produção de etanol nos estados de Tocantins, Maranhão e Piauí. A fatia restante será destinada a projetos de biodiesel na região Nordeste, segundo informa fonte do ministério. O projeto tem por objetivo tornar o Brasil “um país confiável na capacidade de atender à demanda por álcool no mercado internacional”, conforme explicou um representante do Ministério da Agricultura.
“Se tivermos sucesso nessa primeira etapa do programa de expansão da oferta, certamente haverá outras fases”, diz.
Até agora, não foi assumido qualquer compromisso para o Brasil exportar etanol para o Japão, tradicional consumidor do álcool brasileiro para a indústria e para o consumo humano. No ano passado, o Brasil vendeu ao Japão 317,8 milhões de litros de álcool, por US$ 90 milhões. No primeiro semestre deste ano, a receita com as exportações do produto foi de US$ 34 milhões. A expectativa é de que o Brasil possa exportar etanol para o mercado japonês, que criou em 2003 lei facultativa que permite a mistura de 3% de álcool na gasolina. A indústria japonesa – processadora de petróleo, distribuidoras de gasolina e automobilística – cobra subsídio do governo para fazer tal adaptação.
Se o Japão tornar “mandatória” a legislação sobre mistura de 3% de etanol à gasolina, abrirá um mercado para o Brasil de 1,8 bilhão de litros de álcool anuais, equivalente a 10% da capacidade de produção brasileira do produto. O Japão consome anualmente 60 bilhões de litros de gasolina. A capacidade de produção de álcool no Brasil é de 18 bilhões de litros anuais. No ano passado, o país produziu 16 bilhões de litros. O Brasil poderá produzir até 3 bilhões de litros de etanol por meio da parceria com os japoneses, que visa também a criar pólos de desenvolvimento de álcool em regiões mais carentes e beneficiar os produtores que não têm mercado.
Os recursos do JBIC serão destinados aos produtores rurais e às unidades empresariais. A produção de álcool no Norte será destinada ao mercado externo e o Nordeste atenderá o mercado nacional. A região Norte já conta uma logística disponível, como o Porto de Itaqui (MA), que tem capacidade para receber navio com mais de 100 mil de toneladas. Já o Nordeste deverá se beneficiar, a partir de 2008, quando se tornará obrigatória a mistura de 2% de biodiesel na gasolina, conforme consta do Programa Brasileiro de Agroenergia.