Presidente Lula e representantes do G-20 devem reunir-se hoje com seus pares do G-8. A cúpula do Grupo dos Oito (G8) impulsionou ontem os esforços para garantir um acordo de livre-comércio global ao instruir seus negociadores a tentarem finalizar as diretrizes para o pacto dentro de um mês. Negociadores internacionais devem se reunir a partir do início desta semana com o chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, que lidera os esforços para acabar com o impasse nas negociações iniciadas há cinco anos, depois que divergências sobre questões relacionadas aos subsídios agrícolas e ao acesso aos mercados estagnaram os debates. “Pedimos que todos os países se comprometam para chegarmos a uma conclusão bem-sucedida da rodada de Doha”, afirma o texto aprovado pelos líderes do G8.
Segundo especialistas, se não houver nenhum avanço nas próximas semanas, corre-se o risco de que a rodada fique em suspenso por vários anos, já que os poderes do presidente dos EUA para aprovar acordos comerciais sem a votação do Congresso expira em meados de 2007.
Os líderes dos países mais industrializados do mundo mais a Rússia, que formam o G8, devem se reunir hoje com Lamy e os líderes de cinco países em desenvolvimento. Autoridades da União Européia (UE) disseram estar ansiosas pelo estabelecimento de uma frente unida do G8 antes do encontro dos líderes com seus pares do Brasil, Índia, China, África do Sul e México, membros do Grupo dos Vinte países em desenvolvimento (G20). Índia e Brasil são vistos como porta-vozes das exigências dos países mais pobres. O presidente francês, Jacques Chirac, no entanto, diminuiu as chances dizendo que o mandato para negociação da Comissão Européia chegou ao limite. “Não podemos prosseguir sem um novo.”
O G8 reiterou sua oferta de aumentar o acesso a seus mercados de produtos agrícolas e industriais, assim como a de oferecer maiores oportunidades em serviços. Mas também insistiu em que espera que outros membros da OMC contribuam para este objetivo com medidas similares, “de acordo com seu nível de desenvolvimento”.
O G8 reiterou sua disposição em reduzir “substancialmente” os subsídios à agricultura que causam distorções no comércio e a cessar todas as ajudas à exportação até o final de 2013.
Ontem, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com todos os líderes de países em desenvolvimento convidados, incluindo a China, para discutir uma posição comum do grupo para o encontro que terão hoje com os líderes do G8. Os principais temas discutidos no encontro de ontem entre os países em desenvolvimento são segurança energética, o combate às doenças infecciosas, educação, África, a liberalização comercial e a criação de novos mecanismos de financiamento ao desenvolvimento econômico.
O documento ressalta a importância da cooperação na área energética e destaca a necessidade de a matriz energética mundial ser diversificada por fontes alternativas de energia, como o etanol, o biodiesel e outros biocombustíveis. Esse tema é de especial interesse do Brasil, que quer expandir o mercado consumidor de álcool combustível.