O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem hoje na Rússia um encontro bilateral com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Do lado brasileiro, os temas de interesse serão o etanol, com uma parceria com os americanos nesse setor, e as próprias negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
— Já tive duas conversas com o presidente Bush e senti nele muita vontade de que cheguemos a um acordo (na OMC). Estou otimista — disse Lula ontem.
O encontro de Lula e Bush será após a reunião oficial do G-8, na qual os países do grupo — que reúne os sete mais ricos do mundo, mais a Rússia — receberá as seis nações em desenvolvimento convidadas especialmente para os debates: Índia, China, México, Brasil, África do Sul e Congo. O principal assunto será a OMC.
O presidente poderá ter ainda encontros bilaterais com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi. É a terceira vez que Lula participa como convidado de edições do G-8.
Os países do G-8 se comprometeram a promover no mundo mercados de energia abertos e transparentes, em uma declaração conjunta divulgada neste domingo.
Além disso, eles defendem a existência de um “marco legislativo transparente e equitativo” para favorecer os investimentos no setor energético. Os países do G-8 reiteram seu apoio aos princípios da Carta da Energia, assinada em 1994, mas que, na época, não foi ratificada pela Rússia. Uma das premissas é que o mercado de energia seja regulado por livre concorrência.
Energia nuclear divide opiniões no bloco do G-8
No encontro deste ano, ficou clara a divisão entre os países que apóiam e os que rejeitam o desenvolvimento da energia nuclear. Os membros do G-8 também aprovaram uma declaração sobre a necessidade de alternativas para enfrentar a escalada dos preços do petróleo e o forte aumento da demanda por energia no mundo pelos próximos 25 anos.
O documento sobre segurança energética estava previsto para ser um ponto forte do encontro de líderes principalmente por conta da redução da oferta de gás russo a boa parte da Europa em janeiro deste ano. O tema, no entanto, acabou sendo abafado pelas discussões sobre o agravamento da crise no Oriente Médio.
“Aqueles de nós que temos ou consideramos planos para o uso e/ou o desenvolvimento seguro da energia nuclear acreditamos que esse desenvolvimento contribuirá para a segurança energética global”, diz o documento, acrescentando ainda que esse tipo de energia tem condições de reduzir a contaminação da atmosfera e reduzir os riscos de mudanças climáticas.
Dentre os países da União Européia que integram o G-8, a França produz quase toda a energia elétrica que consome a partir de centrais atômicas. O Reino Unido prepara a construção de mais instalações, enquanto a Alemanha se comprometeu a abandonar, de forma progressiva, a energia nuclear. Na Itália, essa opção energética foi afastada após consulta pública (referendo).
Os países mais industrializados também reafirmaram o compromisso de prosseguir no desenvolvimento e implantação de energias alternativas, como eólica, solar, biomassa, hidreléctrica e geotérmica.
Prisões pela polícia russa podem ter chegado a 37
Cerca de 300 manifestantes antiglobalização bloquearam ontem uma rua em São Petersburgo para protestar contra o encontro de líderes mundiais. Segundo Olga Miryasova, do grupo Red AntiG-8 e uma das coordenadoras do protesto, 37 pessoas foram presas. A polícia russa, no entanto, divulgou que fez 22 prisões.
— Não à comercialização da educação e não ao desenvolvimento da energia nuclear — disse a líder do protesto.