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Argentina: alta nos postos de fronteira

O governo argentino anunciou ontem um reajuste no preço dos combustíveis nas fronteiras com Brasil, Uruguai, Chile e Bolívia. A medida, explicou o secretário de Energia, Daniel Cameron, busca combater o “comércio formiga” de combustíveis em cidades como Puerto Iguazú, onde todos os dias centenas de brasileiros abastecem seus automóveis a preços muito mais baixos.

— Quando atravessarem (a fronteira), esses vizinhos vão encontrar preços parecidos aos que pagam em seus países de origem — afirmou Cameron, após reunião com o presidente, Néstor Kirchner, e com o ministro do Planejamento, Julio de Vido.

A iniciativa, que ainda não foi regulamentada, prevê a instalação de bombas exclusivas para estrangeiros nos postos de gasolina localizados nas fronteiras. Segundo Cameron, em cidades como Puerto Iguazú, na fronteira com o Brasil, a venda de combustível supera entre 1,5% e 2% a média nacional, o que representa em torno de 120 mil metros cúbicos. Um litro de diesel custa cerca de US$ 0,48 na Argentina, contra US$ 0,90 no Chile e US$ 0,85 no Brasil.

— Os preços diferenciais serão para carros com placas de outros países — explicou Cameron, afirmando ser esta uma “medida de simetria”.

Quando chegou ao poder, em 2003, Kirchner liderou uma cruzada contra o aumento do preço dos combustíveis, provocando sérios conflitos entre o governo e algumas petrolíferas, como a Shell, que decidiram desafiar o presidente. Em resposta, Kirchner convocou um boicote nacional contra a Shell. Além disso, movimentos de desempregados, os chamados piqueteiros, organizaram manifestações em postos de gasolina da empresa.

— Os preços dos combustíveis nos países vizinhos diferem dos nossos em função de medidas adotadas oportunamente pelo Estado — disse o secretário, referindo-se aos acordos selados entre Kirchner e as petrolíferas que operam na Argentina para congelar o preço dos combustíveis.