Mercado

Produtores discutem unificação de preços da cana no NE

A questão da fixação de um valor único de referência para o cálculo do preço da cana na região do Nordeste, é articulada pela Unida – União Nordestina dos Produtores de Cana e produtores de cana porque atualmente, o valor é diferenciado e alguns Estados estão tendo prejuízos, principalmente nas comercializações que ocorrem em áreas de divisa.

Desde 1º de novembro de 1998, com a liberação do preço da cana-de-açúcar pelo Governo Federal, o preço do produto não é mais tabelado e utiliza-se, como referência para a comercialização do produto, o sistema de Açúcar Total Recuperável (ATR). O problema é que o valor da ATR não é igual em todo o Nordeste. Em relação à Paraíba e Pernambuco, por exemplo, a diferença do valor da ATR, por tonelada, é de R$ 4,00.

De acordo com vice-presidente da Unida, José Inácio de Morais, atual presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba, outro debate que está ganhando corpo entre os produtores rurais é justamente a forma como se calcula o valor do ATR. “Atualmente, o produtor de cana não recebe informações suficientes, que lhe garanta entender o sistema de comercialização interna e externa do açúcar e do álcool, cujos fatores influenciarão nos preços a serem recebidos pela tonelada do produto, e essa deficiência na comunicação em relação a formação dos preços do ATR tem prejudicado os fornecedores, que não têm como discutir preços, pois não possuem maior conhecimento sobre o assunto”, argumentou Morais.

O coordenador do Setor de Sacarose do Departamento Técnico da Asplan, José Cláudio Vieira, explica que o preço do quilograma do ATR varia todos os meses, sendo calculado com base no valor de mercado do álcool e do açúcar. Ele informou que, para se calcular a quantidade de ATR existente na cana-de-açúcar são feitas análises em amostras de cana. A matéria-prima, então, é desfibrada, prensada e, do caldo extraído, extraem-se o Brix, que é a parte sólida solúvel do caldo, e o POL, que é sacarose (quantidade de açúcar). “Da relação entre a quantidade de Brix e POL, a partir de um cálculo matemático, é que se determina a ATR presente. Quanto maior a pureza da cana, melhor será sua qualidade. Quanto maior a quantidade de açúcar, melhor será o produto e também o preço pago por ele”, explicou José Cláudio Vieira.

O presidente da Asplan disse que o ideal, é que fosse criado na região Nordeste uma instituição nos moldes do Consecana – Conselho de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo, para que seja facilitado o relacionamento do produtor com o industrial da cana.

Banner Evento Mobile