O câmbio desfavorável não impediu que o superávit do agronegócio batesse recorde no primeiro semestre. Números divulgados pelo Ministério da Agricultura mostram que as exportações de produtos agrícolas renderam US$ 21,358 bilhões no acumulado de janeiro a junho deste ano, crescimento de 5,7% na comparação com a receita cambial obtida em igual período de 2005.
Os gastos com importações de produtos agrícolas cresceram 20,2% no período e somaram US$ 2,984 bilhões. O saldo comercial foi de US$ 18,375 bilhões no acumulado dos seis primeiros meses do ano, alta de 3,7% com relação aos US$ 17,719 bilhões em igual período de 2005.
O grande destaque do semestre foi o faturamento obtido com os embarques de açúcar e álcool. A receita cambial cresceu 21,8% no primeiro semestre de 2006 na comparação com igual período do ano passado, de US$ 2 bilhões para US$ 2,5 bilhões. As exportações de papel e celulose cresceram 17,7%, de US$ 1,6 bilhão para US$ 1,9 bilhão. Os embarques de couros, peles e calçados renderam US$ 1,65 bilhão, crescimento de 11,6% na comparação com o valor de US$ 1,48 bilhões em igual período de 2005.
Em valor, as vendas externas de sucos de frutas cresceram 17,7%; de fumo e tabaco, 11,1% e de algodão e fibras têxteis, 9,2%. Os embarques do complexo soja (grão, óleo e farelo) caíram 37,1%, reflexo do final da safra. No semestre, o ministério ressaltou o crescimento de 12,5% nos embarques para o Oriente Médio.
Segundo técnicos do ministério, a elevação dos preços dos principais produtos agrícolas teve papel fundamental na sustentação das exportações do agronegócio, principalmente em junho. Os exportadores de produtos agrícolas faturaram US$ 4,223 bilhões no mês, resultado praticamente igual ao registrado no mesmo mês de 2005, quando as vendas renderam US$ 4,206 bilhões. Em junho, os gastos com importações aumentaram 11,9% para US$ 483 milhões. O saldo comercial foi de US$ 3,740 bilhões em junho. O valor das exportações representa recorde da série histórica para meses de junho.
Na avaliação mensal, eles novamente destacaram o faturamento obtido com as exportações de açúcar e álcool, que se expandiram 57,9%, de US$ 454,380 milhões em junho de 2005 para US$ 717,257 milhões no mês passado. Segundo o Ministério da Agricultura, os preços do açúcar bruto subiram 70,4% e os do refinado, 83,5% no mês de junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Essa variação determinou o incremento do valor exportado. A quantidade exportada caiu 1,8%. No caso do álcool, o preço médio aumentou 65,8%, o que compensou a queda de 38,9% na quantidade exportada.
Na direção contrária, o faturamento obtido com as exportações de carnes recuou 8,9% em junho para US$ 679 milhões, contra US$ 745 milhões no mesmo mês de 2005, informou o ministério. No caso da carne bovina in natura, houve um crescimento de 8,8% no valor exportado, resultado do incremento de 16,4% nos preços. A quantidade exportada, porém, diminuiu 6,5%. A queda é resultado do embargo total ou parcial imposto por 58 países à carne brasileira em resposta aos focos de febre aftosa diagnosticados no ano passado.