Mercado

IGP-M dobra com alta de preços agrícolas

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) quase dobrou de maio para junho, passando de 0,38% para 0,75% no período. Utilizado para reajustar preços de aluguel e de energia elétrica, o indicador foi pressionado pela disparada nos preços dos produtos agrícolas (de 0,29% para 1,80%) e industriais (de 0,47% para 0,90%) no atacado.

Na avaliação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que anunciou o índice ontem, a aceleração é passageira, influenciada por fatores sazonais, e não deve prosseguir em julho. O período de coleta de preços para o IGP-M de junho foi do dia 21 de maio a 20 de junho.

Segundo o coordenador de Análises Econômicas da fundação, Salomão Quadros, com o aumento de preços nos setores agrícola e industrial, os preços no atacado (IPA) subiram 1,11%, ante alta de 0,43% em maio – o maior nível em quase dois anos. A inflação do atacado, por ser a de maior peso, foi a que mais contribuiu para a aceleração do IGP-M, disse.

No setor agrícola, os destaques ficaram por conta das altas de preço da cana-de-açúcar (11,01%) e da soja em grão (6,34%). Somente esses dois produtos responderam por praticamente a metade da inflação no atacado em junho, explicou o economista. O setor industrial foi influenciado por dois fatores: a alta do dólar e dos preços dos metais, pressionadas por aumentos no mercado internacional.

Um dos exemplos mais fortes é a aceleração de preço do cobre eletrolítico – de 16,13% para 30,95% -, de maio para junho.

Indicador é usado para reajustar preços de aluguel e de energia elétrica

No mesmo período, os preços de ferro, aço e derivados no atacado também subiram com maior intensidade, de 1,18% para 1,53%.

Além do impacto da alta de preços no atacado, o IGP-M também sofreu a influência da elevação de preços na construção civil, de 1,45% em junho, ante alta de 0,81% em maio. A inflação no setor foi impulsionada por reajustes nos preços de mão-de-obra em São Paulo, que costumam ocorrer nessa época do ano.

A taxa do IGP-M poderia ter sido mais alta, mas foi contida pelos preços do varejo, que caíram 0,44% em junho – ante crescimento de 0,07% em maio, graças à queda nos preços dos alimentos (1,86%). O setor de alimentação respondeu por 80% da queda nos preços do varejo em junho, destacou o coordenador da FGV.

Até junho, o IGP-M acumula elevações de 1,40% no ano e de 0,86% em 12 meses.