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Brasil deve expandir superávit comercial no continente americano

O Brasil se destacará como grande país exportador para o continente americano, seguindo tendência que teve início nos últimos cinco anos. Haverá maior expansão tanto das vendas de produtos com maior valor agregado quanto de commodities, como minerais, metais, combustíveis e do agro-negócio para os Estados Unidos e países da América Latina. A ressalva fica por conta da sobrevalorização do real frente ao dólar, que pode limitar um pouco a expansão.

De acordo com Sidney Nakahodo, analista do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), se houver uma recuperação do mercado de aviação nos Estados Unidos a balança comercial brasileira poderá registrar superávits crescentes em produtos de tecnologia intensiva. Isso porque, após o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, as importações de aeronaves daquele país recuaram sensivelmente, levando a conta para o lado negativo dos negócios com o Brasil.

Enquanto a retomada das compras pelo setor aéreo não acontecem, ressalta, crescem consistentemente as vendas de aparelhos celulares, que também são considerados bens de alta tecnologia. E disparam os embarques de produtos classificados no estudo como média-baixa tecnologia (produtos metálicos, ferro e aço, cerâmica, vidro, borracha, plásticos, jóias e pedras preciosas). Já as commodities seguem a trajetória ascendente de superávit, que vem desde o ano 2000.

Para o conjunto de países da América Latina – que apresenta quadro inverso de compras de produtos brasileiros ao do norte-americano – a tendência é caminhar para o equilíbrio da balança de commodities. “Nos últimos dez anos, o Brasil sempre importou mais commodities do que exportou para os latino-americanos e isso deve se equilibrar”, diz.

Diferentemente do que deve ocorrer nas Américas, o quadro do comércio com a União Européia e com a Ásia tende a se manter inalterado. Nos últimos dez anos, segundo o estudo, o Brasil importou mais bens europeus de alta tecnologia e vendeu commodities. A exceção fica por conta daqueles de média-baixa tecnologia, que oscilam na linha do equilíbrio.

Para a Ásia, continuam os embarques volumosos de commodities e outros componentes de baixo valor agregado.

Efeito cambial

Para Nakahodo, apesar da valorização cambial dos últimos anos, o ritmo de crescimento tem se mantido vigoroso. Mas, diz, com uma sobrevalorização exacerbada nada indica que a trajetória de forte crescimento se mantenha.

Apesar da ressalva, o analista acredita que o câmbio não seja o fator decisivo para quem já conquistou o mercado externo. “Inclusive, pode ficar mais caro ao exportador tentar voltar a vender para outros países após ter deixado de lado a estratégia”, ressalta.