No país do futebol, jovens da zonas rurais de Campos querem mesmo é correr atrás de preás. Pelo menos na cidade, o animal é como um troféu para jovens que vivem perto das lavouras, onde a prática de tocar fogo nos canaviais se transforma em motivo de diversão e também de mais comida no jantar. Toda vez que uma plantação de cana-de-açúcar arde em chamas, dezenas de crianças e adolescentes se acotovelam em torno do canavial para pegar as preás que fogem do fogo.
Munidos de pedaços de cana nas mãos, os jovens promovem verdadeiras disputas toda vez que há um sinal de animal correndo da plantação. Os garotos chamam toda essa corrida de campeonato da lavoura. O prêmio para quem conseguir o maior número de animais é a fama entre os colegas e comida no jantar.
— Isso aqui é a competição da lavoura. Ganha quem levar mais preás para casa — conta Roberto da Silva, de 23 anos, que trabalha na lavoura de cana.
A prática é uma tradição nas zonas rurais: passa de pai para filho. Nem todos que participam são lavradores: alguns apenas estudam e outros trabalham em profissões diferentes.
O perigo parece não assustar os jovens, que não hesitam em se embrenhar no meio do fogo.
— Teve gente que já morreu queimado. Mas isso aqui vai de geração a geração — conta Paulo César Ramos, de 22 anos, estudante e pedreiro.
O resultado do campeonato depende ainda da roça.
— Já cheguei a pegar cinco preás de uma vez. Depende da roça, se tem animais — afirma o estudante Luiz Carlos de Abreu Gomes, de 19 anos.