O aproveitamento da cana-de-açúcar cultivada no Norte Fluminense, que domina 96% da atividade do estado, é posto em xeque por um diagnóstico de toda a cadeia produtiva realizado pela Federação de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio de Janeiro (Faerj). O estudo aponta, por exemplo, que cada tonelada de cana-de-açúcar moída nas usinas do estado resulta na fabricação de uma quantidade 45% menor de álcool em relação às usinas de São Paulo.
— A cana no estado é subaproveitada desde o plantio até o manuseio. O problema começa com o corte inadequado e termina com as dificuldades financeiras enfrentadas pelas usinas — explica o presidente da Faerj, Rodolfo Tavares.
Um dos gargalos identificados pelo estudo está na infra-estrutura: 1,5 mil quilômetros de canais de irrigação e drenagem estão abandonados. A recuperação dos canais será objeto de um projeto da Faerj, parceria com o Ministério da Integração Nacional, que destinará R$2 milhões para o plano.
A falta de recursos para a modernização do setor — aquisição de colhedeiras, veículos de transporte apropriados e tecnologias para a recepção da cana-de-açúcar — também dificulta avanços na produtividade. Secretário estadual de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior, Alberto Mofati diz, no entanto, que desde 2003, por meio do projeto Rio Cana, entidades envolvidas com o setor sucro-alcooleiro buscam soluções para esses e outros entraves:
— Implementamos diversas ações, como o aumento da oferta de crédito rural do Banco do Brasil.
De lá para cá, a produção vem evoluindo, mesmo que timidamente: a safra deste ano deve atingir 7 milhões de toneladas, contra 6 milhões de toneladas do ano passado. Além de otimizar a produção, outro desafio é atrair novos empreendimentos para o segmento tradicional, que já contou com 23 usinas no Norte do estado, onde hoje restam apenas sete.
Pelo menos quatro novos projetos de usina estão em andamento: o da Alcana Agroenergética, que começa a se instalar em Campos (investimento de R$300 milhões); o de recuperação da Usina Quissamã, a mais antiga do Brasil, pelo grupo J. Pessoa este ano; e, no ano que vem, a construção de mais duas usinas na região, sendo uma entre Campos e Quissamã.