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Petrobras estuda tecnologia para biomassa em Maringá

A corrida mundial pela obtenção de fontes renováveis e menos poluentes de energia pode ter em Maringá uma de suas principais provas de teste. A Petrobras estuda instalar na cidade a primeira planta piloto do país para desenvolver tecnologia capaz de transformar bagaço de cana de açúcar (biomassa) em combustível líquido. O anúncio foi feito pelo engenheiro químico Eduardo Falabella de Souza Aguiar – gerente da Divisão de Gás a Líquido da Petrobrás, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e consultor da ONU para área de tecnologia limpa.

A escolha pelo município paranaense, que pode se concretizar nas próximas semanas, se deve à participação ativa de professores de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM) na pesquisa coordenada pela Petrobras e à presença de um pólo sucro-alcooleiro na região noroeste.

Na última quarta-feira, o secretário municipal de Indústria e Comércio, João Celso Sordi, apresentou ao representante da Petrobras o projeto do TecnoParque de Maringá, empreendimento em construção que visa atrair empresas de alta tecnologia, e convidou a petrolífera a instalar o equipamento piloto no local. Eduardo de Souza Aguiar se mostrou entusiasmado e disse que vai apresentar a idéia à alta gerência da empresa.

Estou otimista e vou submeter o projeto à Petrobras para verificar o interesse. Acredito que as chances são grandes porque as condições técnicas são muito boas, disse Falabella à Folha durante visita a Maringá esta semana. O grupo químico Raudi Indústria e Comércio, com sede em São Paulo e filial em Maringá, também faz parte do projeto.

Os estudos da Petrobras para transformar biomassa em energia representam uma variação da tecnologia alemã que possibilita a produção de combustível líquido a partir de carvão. De acordo com o gerente da Petrobras, recentemente se descobriu que a matéria prima do processo pode ser obtida de qualquer objeto que contenha carbono, o que abre espaço para a substituiçao do carvão por biomassa – conceito que engloba qualquer fonte orgânica com potencial energético, como plantas, madeira, resíduos agrícolas e até lixo doméstico.

Com isso, temos combustível limpo porque a fonte passa a ser renovável. O único problema da biomassa é que ela é dispersa, um pouco numa fazenda, outra a quilômetros dali, e fica caro concentrar. A escolha pelos rejeitos da indústria alcooleira se deu porque o material é de excelenete qualidade e está concentrado nas próprias usinas. De acordo com o engenheiro químico, o bagaço da cana depois de moído ainda conserva 70% de sua energia.

O secretário de Indústria e Comércio de Maringá, João Celso Sordi, confirmou o contato com o engenheiro da Petrobras mas preferiu não revelar detalhes para não atrapalhar as negociações.

O industrial maringaense Carlos Walter Martins Pedro, integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), acredita que a instalação da planta modelo no TecnoParque traria enormes benefícios à cidade.

Caso a prospecção se concretize, será extremamente importante porque vem de encontro ao foco do TecnoParque, que é incentivar o desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Nos próximos dias vamos verificar estratégias para buscar apoio político à iniciativa, já que as condições técnicas são excelentes.