O porto de Santos está subindo a serra do Mar atrás de áreas para receber a crescente demanda de caminhões que chegam à região. A direção da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que já tinha recorrido aos municípios vizinhos a Santos, agora chegou a São Bernardo do Campo, na região do ABC.
Com apenas 700 vagas estáticas de posse dos terminais que atuam no porto, mais cerca de 300 de sua propriedade, usadas por sindicatos de caminhoneiros, a Codesp projeta abrir mais 12,1 mil vagas distribuídas por oito pátios, todos eles fora da área da cidade de Santos.
“Já temos credenciado, em termos provisórios, dois novos pátios, um da Pinhal Rodopart, para 600 vagas, e outro da Ecopátio Logística, com mais 3,5 mil vagas, ambos em Cubatão. Como há um giro diário que pode multiplicar esses números por três, em breve teremos uma capacidade dinâmica de estacionamento para 15 mil veículos”, adianta Arnaldo Barreto, diretor de infra-estrutura da Codesp.
A demanda atual já chega a picos de 13 mil carretas por dia, número que provocou congestionamentos e demora de até quatro horas para uma carreta atingir o local de operação, isso depois de já estar dentro dos limites do porto. Com as 12,1 mil vagas, mais as existentes, o potencial de estacionamento dinâmico pode chegar a cerca de 40 mil vagas, o que leva o diretor da Codesp a prognosticar que “o porto não mais terá limites de carga para operar”.
Os pátios externos e internos estarão conectados por vias eletrônicas com uma central do porto. A carreta, ao chegar, já saberá que destino tomar, se vai diretamente para o costado do navio, para o terminal portuário, ou se aguardará a vez em um dos pátios externos.
A projeção para 2006 é de movimentação de 80 milhões de toneladas de cargas diversas, contra 71,9 milhões em 2005. De açúcar a granel e em sacos, a estimativa é de embarques de 13,5 milhões de toneladas. Para o granel, o aumento deverá ser de 12,6%. A soja, em grão e farelo, poderá avançar 12%, para 11,7 milhões de toneladas. Para os contêineres, o crescimento será um pouco menor este ano, com a projeção de chegar a 1,58 milhão de unidades, o que representará mais 6,8% em relação a 2005.
Como os novos pátios deverão entrar em operação já para a próxima safra, a fim de minimizar efeitos causados pela atual, a Codesp implantará em junho um novo regramento interno para o trânsito de veículos.
“O porto contará com 827 placas para orientação dos caminhões, com cores diferenciadas para cada terminal, o que facilitará a visualização”, afirmou o diretor da estatal.
Na semana passada, o porto paulista sentiu a escassez de carretas procedentes do Centro-Oeste do país, carregadas com soja, em razão dos bloqueios nas estradas, provocados por produtores descontentes com os preços. A manifestação dos agricultores promete continuar com os protestos. Segundo o diretor da Codesp, para evitar congestionamentos, após a liberação dos veículos, está havendo entendimentos entre a estatal e os terminais, para que cadenciem o quanto possível a sua chegada ao porto.
Das oito empresas que se apresentaram à Codesp visando o credenciamento para tornarem-se pátios de estacionamento vinculados ao porto, seis estão em território de Cubatão, uma em Guarujá e outra em São Bernardo do Campo. O total de áreas oferecidas soma cerca de 2,24 milhões de metros quadrados, o que corresponde a aproximadamente 12,1 mil vagas estáticas.
A Codesp exige que a área tenha no mínimo 50 mil metros quadrados e não provoque impactos no meio urbano. Também deverão estar dotadas de sanitários, lanchonete, vestiário, balança e sistema de comunicação. Os operadores que contratam as carretas deverão zelar pela carga e bom estado dos veículos.
O pátio da holding EcoRodovias ocupará área de 443 mil metros quadrados, o que significará a oferta de 3,5 mil vagas estáticas. A área fica distante cerca de 16 quilômetros do porto, tanto da margem direita quanto da esquerda. Segundo o presidente da empresa, Marcelino Seras, o investimento será da ordem de R$ 90 milhões e ocupará o atual estacionamento do Complexo Intermodal de Cubatão (Cincu).
“Com o terminal, que se chamará EcoPátio Logística, o porto contará com mais pontualidade nas chegadas e saídas dos produtos, o que acarretará redução do tempo de permanência dos navios no cais e das despesas com demurrage (multas por atrasos no carregamento e descarregamento de navios) e do custo Brasil”, avalia Seras.