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A cana-de-açúcar chega também ao extremo sul baiano

O perfil econômico do extremo-sul baiano começa a se diversificar, deixando de ficar concentrado na pecuária e na produção de celulose. Um projeto agroindustrial está em implantação no município de Ibirapuã, a 862 quilômetros de Salvador. A empresa fluminense Agro Unione está investindo, em parceria com a destilaria mineira Dasa, R$ 25 milhões, na montagem de um complexo sucroalcooleiro com capacidade de moagem de 1,5 milhão de toneladas de cana por ano.

A Agro Unione vinha explorando a pecuária na região há muito tempo. Criava 10 mil cabeças numa área de 5 mil hectares. A baixa rentabilidade do negócio com gado e a valorização da terra no extremo-sul baiano, com a chegada da Bahia Sul e da Veracel e a intensificação da produção de celulose, motivaram a decisão de empreender na nova atividade que oferece melhor retorno.

Depois de vender duas outras fazendas na divisa entre Bahia e Minas Gerais para a Aracruz Celulose, o diretor Paulo Sola informa que a Agro Unione decidiu investir em cana por ser uma atividade atualmente cinco vezes mais rentável do que a pecuária na região. “Estamos mantendo a pecuária para corte apenas em nossa fazenda de Santa Maria das Barreiras (PA), onde criamos 15 mil cabeças. Lá o custo-benefício da atividade é bem melhor do que no sul da Bahia e Minas Gerais, onde a terra ficou cara para criar gado”.

O processo de transformação da pastagem na fazenda baiana para a plantação de cana começou em 2003. Segundo Sola, foram plantados 3 mil hectares de cana. “A região de Ibirapuã é bastante propícia para a cultura canavieira. Tem boas condições de solo, topografia e quantidade satisfatória de chuvas, favorecendo a produtividade”, diz.

Na primeira safra em 2004, de acordo com ele, foram colhidas 140 toneladas por hectare, enquanto a média de Ribeirão Preto, importante pólo canavieiro, é de 120 toneladas. Veterana na atividade canavieira, a destilaria mineira Dasa, sócia no empreendimento, deu o suporte técnico necessário para que os pecuaristas virassem produtores de cana. “Começamos a produzir cana e faltava a usina, quando nos associamos à Dasa na montagem da empresa Ibirálcool para completar a cadeia”. Na Ibirálcool, a participação da Agro Unione é de 30% e a Dasa tem 70%.

Segundo Sola, nessa primeira fase, a empresa está aplicando cerca de R$ 6 milhões em investimentos fixos no projeto. Desse montante, R$ 3,8 milhões são financiados pela Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), por intermédio de repasse da linha FNE Rural. Os recursos serão utilizados no plantio de 2 mil hectares de cana-de-açúcar, que irão se somar aos 1.200 hectares já implantados. O processo de plantio está em fase adiantada na propriedade da Agro Unione, devendo encerrar-se ainda neste mês.

Toda a produção de cana da fazenda da Agro Unione será destinada à Ibirálcool, correspondendo a 80% da demanda, que será complementada com a produção de terceiros.