Primeiro veio a pecuária. Depois, o arroz. O fumo também ganhou força. Anuncia-se agora o desembarque maciço do florestamento. A Metade Sul sempre foi assim, com tendência para a monocultura.
Mas com o anúncio da instalação da empresa Brasil Ecodiesel no município de Rosário do Sul, os agricultores – principalmente os pequenos, ganham uma alternativa para diversificar a lavoura. Reuniões foram agendadas com trabalhadores rurais da região para incentivar o cultivo da mamona, matéria-prima que será utilizada pela fábrica. A planta foi escolhida após três anos de pesquisas da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas.
A deputada estadual Miriam Marroni (PT) organiza os encontros, um total de 42 em quase 30 municípios, como articuladora do Programa Federal de Biodiesel na Metade Sul. E Canguçu, reconhecida como a capital nacional da agricultura familiar, tem grande potencial para difundir a nova atividade.
– Depois de muitos meses de conversas, temos uma definição – garante a deputada.
Alguns participantes saíram convencidos do encontro realizado na comunidade do Passo do Saraiva, interior de Canguçu. Entre eles Odair Rogério dos Santos Borges, 26 anos, que pretende implantar uma alternativa ao fumo na propriedade de 10 hectares, onde também cultiva milho e feijão. Opinião corroborada pelo amigo Aldo Elert.
– É uma chance de mudar de cultura. Há 15 anos planto fumo, quase trabalho de graça, sempre com a preocupação de fazer contas, sem dormir – justifica Elert.
O Programa Federal de Biodiesel, instituído pelo governo federal, tem dois pilares de convencimento fortes nas comunidades do interior: plantio em pequenas quantidades e compra garantida da produção. Uma maneira de evitar o surgimento de uma nova monocultura.
O plantio da cultura
> O ciclo dura 180 dias, entre março e setembro. Em novembro, após a poda, pode ser feita uma segunda safra
> Cada hectare suporta 8 mil plantas, que produzem entre 300 gramas e 400 gramas de mamona cada
> A produção pode ficar entre 3 mil e 6 mil quilos por hectare. Na compra, não há separação por qualidade
> A colheita é manual, e dura de três a cinco semanas
> Resistente à estiagem, a mamona não exige uso de insumos, só adubo
> Depois de dois anos, a mamona pode entrar em rotação de culturas com o milho na mesma área, sendo replantada alternadamente