O ritmo lento em que se processa a safra de cana no Brasil, associado à perspectiva de uma forte demanda por álcool, provocou turbulência no mercado internacional de açúcar nesta segunda-feira e está criando um cenário que impede a queda dos preços do combustível nas usinas. Até ontem, 25 das 240 usinas na região Centro-Sul iniciaram a colheita, mas, segundo a União das Destilarias do Oeste Paulista (Udop), pouca cana até agora foi moída.
As chuvas dificultam o corte da cana e muitas usinas preferem aguardar a estiagem para acelerar a safra, disse a este jornal o vice-presidente da Udop, Fernando Perri. E mesmo sem estoques de álcool, as ofertas para compra do combustível não param. Isso eleva a incerteza, informou o analista da Fimat, Michael MacDougall.
Para o analista, o mercado prevê escassez de açúcar no terceiro trimestre, por isso está sobressaltado. A dificuldade para identificar a tendência dos preços alterou ontem a estrutura do pregão da Bolsa de Nova York para o açúcar demerara, que teve um comportamento inusitado. Os contratos com vencimento em maio e julho fecharam com cotações iguais (18,33 centavos de dólar por libra peso), com alta de 2,8% em relação ao fechamento de sexta-feira, quando o normal é os preços serem diferentes. “É um sinal de insegurança”, disse MacDougall.