O Banco Mundial (Bird) estuda abrir uma linha de financiamento para o desenvolvimento do etanol como combustível nos países pobres. O projeto será analisado pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e pelo presidente do Bird, Paul Wolfowitz, na próxima semana. O Banco Mundial quer usar o modelo brasileiro do biocombustível como base para seu projeto e vamos discutir como estabelecer essa cooperação, disse Rodrigues ao Estado. Se esse projeto for implementado em vários países, vamos vender nossa tecnologia, nossas máquinas e enviar técnicos a todas as partes do mundo. Poderá ser um projeto muito lucrativo para o País, disse o ministro, lembrando que até mesmo os motores multicombustíveis poderão se tornar produtos de exportação.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os biocombustíveis como o etanol de cana-de-açúcar poderão representar 30% do mercado mundial de combustíveis usados para o transporte em 2020. Os biocombustíveis representam apenas 2% do mercado global e o comércio internacional do produto soma meros R$ 5 bilhões por ano. Em 2003, o Brasil exportou 2 bilhões de litros de etanol, contra um consumo interno de 15 bilhões de litros.
Mas,om o preço do petróleo em alta, o aumento da demanda e a necessidade de reduzir emissões de gás por problemas ambientais, o etanol e outras formas de combustível devem crescer muito nos próximos anos.
Para a AIE, para que os biocombustíveis sejam rentáveis, o preço do barril do petróleo não pode ser menos de US$ 25. Hoje, os valores estão bem acima desse nível.
Segundo Rodrigues, se outros países em desenvolvimento passassem a usar a cana para fazer etanol e não açúcar, eles poderiam solucionar outro problema: a disputa entre a África, o Brasil e a Europa sobre o açúcar. Ontem, o ministro com uma delegação da Holanda sugeriu que a Europa ajude os países pobres a transformarem o açúcar em etanol.