Mercado

Desânimo atinge economia, afirma Furlan

Luiz Fernando Furlan, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mesmo dizendo-se a pessoa mais “esperançosa da Esplanada dos Ministérios”, não deixa de sentir que “há um senso de desânimo que afeta as iniciativas no país”, com o conseqüente custo econômico.

O desânimo seria o responsável pela hesitação do consumidor em comprar e do empresário em investir, até porque o ministro admite que “o cenário para 2006 não é muito claro”.

Furlan, que está em Hong Kong para participar da Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio, evita no entanto criticar seu colega da Fazenda, Antonio Palocci, já alvo da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e do seu próprio partido, o PT.

“A política do Palocci está certa, e eu sou muito disciplinado”.

Mesmo do câmbio, Furlan, empresário de origem de uma empresa (a Sadia) grande exportadora, evita reclamar, embora faça uma análise negativa.

Não que espere queda no saldo comercial (sua previsão para 2006 continua cravada nos US$ 120 bilhões). Mas admite que os resultados deste ano como do próximo estão determinados pela inércia e pelo aumento de preços de produtos primários que o Brasil exporta (como minérios e açúcar).

O problema é que “outros setores estão fraquejando”, diz o ministro, citando autos e calçados, especialmente calçados. Pelas suas contas, o setor calçadista, que não consegue aumentar os preços para compensar os menores volumes exportados, vai fechar o ano com vendas 20% inferiores. “É uma perda de volume dramática”, diz.

Furlan suspeita que o câmbio vá acabar modificando, para pior, o perfil das exportações para o ano que vem. Os produtos primários podem continuar crescendo, mas os de maior valore agregado não o farão. “Isso não é bom”, afirma.

O ministro reclama que “Brasília (leia-se: o governo) não sinaliza cenários, fica esperando que os mercados o façam”. Em todo caso, aproveitou para confirmar que, no dia 19, o governo definirá as metas para 2006. Se dependesse só de Furlan, haveria também uma “meta de crescimento”.

O que falta para criar tal meta? “Eu não sei e, se soubesse, não diria”, responde.