Mercado

Nordeste não deve acompanhar crescimento da produção de cana-de-açúcar do sudeste do país

O Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgou um recente estudo indicando que a área cultivada da cana no país, assim como a produção precisa crescer 33% até 2013. Isso por causa da forte demanda nacional pelo álcool, alavancada pela grande procura de carros bi-combustíveis. Para o presidente a Associação dos Plantadores e Cana da Paraíba (Asplan) e vice-presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana do Nordeste (Unida), José Inácio de Morais a região não acompanhará esse crescimento. O secretário-geral da Unida, Gregório Maranhão, tem a mesma opinião.

“Meu sentimento particular é que o Nordeste não vai entrar nesse ritmo”, disse Gregório Maranhão, acrescentando que “o máximo que poderá acontecer é, num prazo médio de cinco anos, surgirem novas fronteiras agrícolas capazes de elevar em apenas 10 milhões de toneladas a produção nordestina”. Hoje a produção da região, por safra, gira em torno dos 60 milhões de cana-de-açúcar, cultivados numa área aproximada de 1,100 milhão de hectares. Segundo a estimativa do secretário-geral da Unida, o incremento em área plantada poderá ser de 10% e deve acontecer na Bahia, sobretudo no Semi-árido irrigado às margens do Rio São Francisco e no Maranhão, após a implantação de 10 novas usinas que ocorrerá no próximo mês.

José Inácio de Morais foi mais negativo em relação à estimativa de crescimento de produção de cana e de área cultivada no NE – especialmente na Paraíba. “No nosso Estado temos a limitação de território propício para o plantio da cana. No Brejo, essa realidade é ainda pior, visto que as terras que poderiam servir para a atividade estão sob domínio de assentamentos e, portanto, proibidas para o cultivo da cana-de-açúcar”, contou. De acordo com José Inácio, na década de 80, a Paraíba produzia por safra algo em torno de 7 milhões de toneladas de cana, dos quais 15% era produzido no Brejo. Hoje, com uma safra aproximada de 5 milhões de toneladas, a mesma região é responsável por apenas 0,0015%.

A Paraíba conta com uma área de 90 mil hectares, em média. “Já que não há área para expandir territorialmente, a solução seria investir em melhoramento genético, elevando a produtividade por hectare plantado”, afirmou José Inácio. Infelizmente, prosseguiu o dirigente, “é muito difícil para o produtor paraibano aumentar seus negócios. Quem pretende fazer isso tem que investir fora, como foi o caso da usina Japungu (que possui duas unidades em Goiás)”. Quanto a isso, ele lembra que, a partir do próximo mês, o Maranhão contará com mais 10 usinas. “Se algum produtor paraibano quiser investir lá, pode nos procurar que a Asplan ajudará a viabilizar novos empreendimentos”, frisou.

ESTUDO

O estudo do Ministério da Agricultura indica ainda que para a ampliação de álcool em 10,8 bilhões de litros por ano o setor precisará elevar a área cultivada em 1,8 milhão de hectares – atualmente são produzidos 15,1 bilhões de litros do combustível a partir de 390 milhões de toneladas da matéria-prima plantada numa área de 6 milhões de hectares.

Ao final, a estimativa do Mapa é que, em oito anos a produção da cana brasileira alcance um crescimento de 55%, produzindo por safra 600 milhões de toneladas e ocupando um território de 9,1 milhões de hectares.